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Manifestações contra o governo acontecem em diversas cidades brasileiras

Do UOL, em São Paulo

16/03/2016 19h06Atualizada em 20/03/2016 15h12

Manifestações, panelaços e buzinaços contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil aconteceram, nesta quarta-feira (16), em ao menos 16 Estados e no Distrito Federal. Na maioria dos casos, as pessoas foram para as ruas depois do expediente de trabalho para manifestar indignação contra a decisão da presidente Dilma Rousseff (PT), sem que houvesse uma convocação prévia em dias anteriores via redes sociais (o que ocorreu nos protestos do último domingo, 13).

Os protestos começaram no início da noite e acontecem em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco, Goiás, Paraná, Pará, Bahia, Amazonas, Alagoas, Paraíba, Ceará e Mato Grosso do Sul.

Em Brasília, houve confronto entre manifestantes e policiais, que impediam a subida à cobertura do Congresso Nacional. Uma bomba foi escutada nas proximidades e há registros de feridos.

O Corpo de Bombeiros do DF informou que 15 pessoas foram atendidas até o momento na manifestação em frente ao edifício. Não houve registro de ocorrência com ferimento grave. Entre as ocorrências estava a de um rapaz com a mão cortada e inconsciente. 

De acordo com o major Lourival Corrêa, do Corpo de Bombeiros, o caso não era grave. Um policial também foi socorrido com ferimento na perna. Ele foi encaminhado ao Hospital Santa Helena, na Asa Norte.

Mais cedo, um pequeno grupo de petistas entrou em confronto com centenas de manifestantes que protestavam contra a nomeação em frente ao Palácio do Planalto. Houve correria e a polícia agiu com truculência entre os manifestantes, com uso de cassetetes e spray de pimenta. A Praça dos Três Poderes, uma da principais vias de acesso à região central de Brasília, foi tomada por manifestantes e o trânsito no local foi parcialmente bloqueado. O grupo gritava palavras de ordem e pedia a saída de Lula e do PT.

Manifestantes chegaram a gritar que iriam invadir o Planalto, o que não ocorreu. Um cordão de isolamento da polícia foi formado em frente de toda a extensão do Palácio. O grupo que está fazendo a manifestação é formado, em sua maioria, por funcionários que, na saída do trabalho, resolveram protestar.

Manifestantes entram em confronto com a PM em Brasília

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O grupo migrou para a frente do Congresso Nacional aos gritos de "vem todo mundo", instigando os demais ativistas, além de palavras de ordem como "devolve meu dinheiro, Lula cachaceiro". O boneco do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamado de pixuleco, foi pendurado no mastro onde fica hasteada a bandeira nacional.

Manifestantes queimam pneus em frente ao Palácio do Planalto - Leandro Prazeres/UOL - Leandro Prazeres/UOL
Manifestantes queimam pneus em frente ao Palácio do Planalto em protesto contra o governo
Imagem: Leandro Prazeres/UOL
Policiais equipados com capacetes e escudos concentram-se na rampa por onde autoridades têm acesso ao Parlamento. Um cone de contenção da Polícia Militar foi arremessado no espelho d'água diante do Congresso.

Alguns deputados estão deixando a Casa pela garagem lateral do Senado ou pelos anexos do Congresso Nacional. Parlamentares como o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), demonstraram apreensão e pediram indicação para os policiais legislativos sobre a saída mais segura do Congresso.

O coordenador do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim Kataguiri, disse que os manifestantes não deixarão a Praça dos Três Poderes até que a presidente Dilma renuncie. "Não vamos sair até que eles deixem o governo. Eles dizem que os protestos são da elite, mas eles são a elite", disse Kataguiri que está sobre um trio elétrico em frente ao Palácio do Planalto.

"Vamos fazer manifestações todos os dias", diz Kim Kataguiri

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Para esta quinta-feira, a PM e os Bombeiros devem preparar uma operação especial para a posse dos novos ministros, no entorno da Praça dos Três Poderes. A previsão é de que haja um contingente bem maior do que o de hoje, quando cerca de 200 policiais foram convocados. Os policiais dizem quem não esperavam um volume tão expressivo de pessoas se manifestando nesta quarta.

Em São Paulo, centenas de pessoas se reuniram na avenida Paulista, que foi bloqueada nos dois sentidos. O protesto continuou madrugada adentro, com pelo menos quatro quadras da avenida ocupadas 0h30 desta quinta-feira (17).

A avenida já havia palco dos protestos do último domingo (13), que reuniu cerca de 500.000 pessoas, segundo o Datafolha.

Por ter sido organizado de última hora, a Polícia Militar ainda não divulgou uma estimativa do número de pessoas presentes no ato de hoje. Os manifestantes exibiram cartazes com frases como "Lula na cadeia" e "a jararaca está fugindo". Além disso, entoavam gritos de baixo calão e faziam pedidos de renúncia de Dilma.

O protesto começou por volta das 18h, no vão livre do Masp, e se concentrou nas proximidades do prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Muitos ficaram sabendo da manifestação quando saíam da aula ou do trabalho. Muitos usavam camisas da seleção brasileira e balançavam bandeiras do Brasil.

Prédio da Fiesp exibe bandeira do Brasil com faixa em que pede a renúncia da presidente Dilma - Lucas Lima/UOL - Lucas Lima/UOL
Prédio da Fiesp, na avenida Paulista, estampa os dizeres "Renúncia já"
Imagem: Lucas Lima/UOL

A parte frontal do edifício da Fiesp passou a exibir na noite desta quarta a frase "Renúncia Já!".

Cerca de dez manifestantes também protestaram em frente ao Instituto Lula, no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, onde se encontrava o ex-presidente Lula. Eles batiam palmas e gritavam ofensas ao ex-presidente, como "ladrão" e "vagabundo", além de "fora, PT".

Ao longo do dia, motoristas de carros e ônibus passaram em frente à sede do instituto gritando ofensas a Lula. O ex-presidente já deixou a sede do instituto, de carro, sem falar com a imprensa.

Na contramão dos protestos contra o governo, no Tuca, teatro da PUC-SP, centenas de pessoas participavam de ato em defesa da democracia com a presença de artistas, intelectuais, juristas, movimentos sociais e alunos. Há gritos de "não vai ter golpe" e reação de prédios vizinhos da região de Perdizes, em São Paulo, com panelas.

No teatro da PUC-SP milhares de pessoas acompanham ato em defesa da democracia - Marcos Bizzotto/ Raw Image/ Estadão Conteúdo - Marcos Bizzotto/ Raw Image/ Estadão Conteúdo
No Tuca, milhares de pessoas acompanham ato em defesa da democracia
Imagem: Marcos Bizzotto/ Raw Image/ Estadão Conteúdo
Em São Bernardo (SP), logo após a Polícia Militar colocar um cordão de isolamento em frente ao prédio de Lula, os ânimos de manifestantes pró e contra o ex-presidente se exaltaram e houve confusão entre os grupos. A PM precisou utilizar bombas de gás lacrimogêneo.

Segundo a Globonews, dois manifestantes que defendiam o governo Dilma iam embora do ato, atravessando o grupo que protestava pelo impeachment, e foram agredidos. Um deles teve ferimentos na perna.

Antes do enfrentamento, os manifestantes estavam trocando apenas palavras de ordem, como "Fora, ladrão" e "Não fui pago para estar aqui". Os militantes a favor de Lula são, em sua maioria, filiados ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Já os contrários ao ex-presidente são moradores locais e curiosos que estavam passando pela rua, que está totalmente fechada.

Há pouco, a Polícia Civil de São Bernardo também ameaçou estourar bombas contra os manifestantes. Lula ainda não chegou a seu apartamento. Não há informações se ele realmente irá para São Bernardo, já que a posse como chefe da Casa Civil foi adiada para amanhã.

Em Belo Horizonte, segundo a PM, cerca de 3.500 pessoas participaram. Carregando bandeiras do Brasil e faixas de protesto, as pessoas entoaram palavras de ordem como “não vai ter golpe” e “nossa bandeira jamais será vermelha”, o grupo interditou o tráfego no entorno da Praça da Liberdade, na região centro-sul da capital mineira.

Um dos grupos identificados como idealizadores do protesto se intitula “Brava Gente Brasileira”. Inicialmente, a convocação teria sido feita por telefone entre os participantes e pelas redes sociais.

Em Fortaleza, um grupo de cerca de mil manifestantes foi até a Praça Portugal, no bairro Aldeota, para um protesto contra a dupla de petistas.

No Rio de Janeiro, o Centro de Operações da prefeitura informa que estão interditadas as pistas central e lateral da avenida das Américas, sentido Santa cruz, na altura da av. Salvador Allende, por conta da manifestação contra o governo.

Em Curitiba, o tom da manifestação é o apoio ao juiz Sergio Moro. Há registro também de protestos em Porto Alegre, no Parque Moinhos de Vento. No Recife, os manifestantes se concentraram na avenida Boa Viagem e gritavam "Lula ladrão, seu lugar é na prisão". (Com Estadão Conteúdo)