PM usa jatos de água para tirar manifestantes anti-Dilma da Paulista
A tropa de choque da Polícia Militar expulsou com jatos de água e bombas de efeito moral manifestantes que estavam na avenida Paulista há mais de 40 horas, pedindo a renúncia da presidente Dilma Rousseff.
Os cerca de 40 manifestantes ocupavam um trecho de aproximadamente 500 metros da via. Ninguém foi detido. Foram utilizados dois caminhões do choque e cerca de 20 policiais na ação. Logo após, a avenida ficou desbloqueada nos dois sentidos e carros voltaram a circular normalmente.
A tropa da PM começou a negociar desde a manhã desta sexta-feira (18) com os manifestantes pró-impeachment que estavam acampados em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O intuito foi liberar a pista para o trânsito e evitar um possível choque com manifestantes pró-governo, que têm ato marcado para a tarde dessa sexta na avenida.
As barracas foram retiradas pelos PMs. Por volta das 8h30, os policiais deram 30 minutos para que os manifestantes deixassem o local. Parte do grupo não aceitou a ordem e a Tropa de Choque passou a usar jatos de água e bombas de efeito moral para dispersar a multidão. A avenida foi desbloqueada por volta das 9h10.
“Vivemos um momento político atípico, e o bom senso deve ser prevalecido. Ontem não tínhamos nenhuma manifestação marcada previamente na Paulista. Foi avisado que hoje não seria permitida a continuidade. Houve necessidade do uso progressivo da força para garantir a tranquilidade de todos à tarde”, explicou o Secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre de Moraes (PSDB), em entrevista à rádio BandNews FM.
Na sequência, cerca de 30 manifestantes foram para a avenida 9 de Julho e bloquearam parcialmente a via sentido centro (a faixa de ônibus seguiu liberada). O ato espontâneo dispersou perto das 12h, e o trânsito flui normalmente.
Durante o protesto pró-impeachment, a ciclovia da avenida Paulista, inaugurada pelo prefeito Fernando Haddad em junho de 2015, foi vandalizada pelos manifestantes. Em trecho perto da estação Trianon-Masp do Metrô, pintaram "Fora, Lula" e "a ciclovia mais cara do mundo". Mais à frente, mancharam de tinta azul. Ainda sem previsão de data e custo, a prefeitura informou que reformará os locais.
Foi a primeira vez que a PM da capital paulista usou jatos de água em grandes protestos. Não há registro de feridos. Inicialmente, apesar de já possuir os mesmos blindados israelenses, o uso era evitado – primeiramente devido a uma possível crítica devido à crise hídrica. Em protestos do MPL recentes, a PM também preferiu métodos mais agressivos, como o uso de balas de borracha.
A atuação da PM nessa manifestação difere, por exemplo, dos protestos ocorridos no mesmo local no início deste ano, liderados pelo MPL (Movimento Passe Livre), contra o aumento das tarifas de transporte na capital paulista, e no fim do ano passado, de estudantes da rede pública estadual.
Em um ato do MPL há pouco mais de dois meses, sob a justificativa de que "o direito à manifestação não pode impedir o direito de ir e vir da população", a corporação bloqueou a avenida e revistou manifestantes antes do início do protesto, dispersando os ativistas com bombas de efeito moral e spray de pimenta.
Manifestação pró-Dilma
O PT confirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ir a ato pró-governo na Paulista. A concentração do protesto está marcada para as 16h desta sexta-feira (18), em frente ao Masp. Segundo informações da BandNews, a avenida será fechada desde as 14h.
A organização da manifestação pró-Dilma, que espera 150 mil manifestantes no ato, pede isonomia da Polícia Militar em relação ao ato de domingo, com manifestantes favoráveis ao governo Dilma. A Secretaria de Segurança Pública, em nota divulgada na última quinta, assegurou que será usado o mesmo efetivo enviado ao protesto contra a presidente.
A Frente Brasil Popular convocou atos em mais de 40 cidades. No Rio de Janeiro, artistas como Beth Carvalho, Osmar Prado e Silvia Buarque confirmaram presença.
Movimentos sociais e sindicais convocaram, para a tarde desta sexta-feira, "ato contra o golpe jurídico-midiático em curso, em defesa da democracia e do presidente Lula e por mudanças na política econômica que deem novo impulso ao governo Dilma", de acordo com a Central Única dos Trabalhadores.
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