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Padeço dos mesmos males, diz Moro a Lula sobre sofrer críticas

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

11/05/2017 04h00

No depoimento ao juiz Sergio Moro em processo no qual é réu na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse temer o que pode vir a acontecer com o magistrado caso ele não o condene. “Eu queria lhe avisar uma coisa. Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais que eu serei absolvido... Prepare-se, porque os ataques ao senhor vão ser muito mais fortes”, disse o petista na audiência desta quarta-feira (10) na Justiça Federal em Curitiba.

Lula fez referência também às críticas que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) sofreram após decidirem pela libertação do ex-ministro José Dirceu, que estava preso desde agosto de 2015, condenado na Lava Jato. “Que eles [veículos de comunicação] fazem até com ministro da Suprema Corte que não pensa como a imprensa brasileira.”

Moro, porém, disse que já sofre ataques de opositores ao seu trabalho. “Senhor ex-presidente, infelizmente, eu já sou atacado por bastante gente, inclusive por blogs aí que supostamente patrocinam o senhor”.

Padeço dos mesmos males em certa medida

Sergio Moro, juiz federal

O ex-presidente é acusado de ter recebido, em 2009, propina da empreiteira OAS por meio da reserva e reforma de um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, município do litoral de São Paulo.

Lula também responde pelo armazenamento de bens depois que ele deixou a Presidência, entre 2011 e 2016. O petista governou o Brasil por dois mandatos seguidos, entre 2003 e 2010. O valor total da vantagem indevida seria de R$ 3,7 milhões, como contrapartida por três contratos entre a empreiteira OAS e a Petrobras, segundo o MPF (Ministério Público Federal).

Além deste processo, Lula é réu em outros quatro processos, sendo um também sob responsabilidade de Moro.

Confira a íntegra das alegações finais do ex-presidente a Moro

UOL Notícias

Críticas à imprensa

O diálogo travado entre Lula e Moro foi durante as considerações do petista após quase cinco horas de depoimento. O ex-presidente usou esse espaço principalmente para criticar a imprensa.

“Na medida em que foi feito um acordo de que não é possível, na Lava Jato, condenar pessoas ou políticos importantes ou pessoas ricas sem o apoio da imprensa, adotou-se a política de, primeiro, a imprensa criminalizar”, disse Lula.

O petista, então, apresentou um levantamento sobre reportagens negativas a seu respeito que foram publicadas em jornais e revistas e exibidas em emissoras de televisão. “E eu acho que o objetivo é tentar massacrar esse cidadão. Esse cidadão cometeu o erro de provar que esse país pode dar certo”, comentou.

“Mas é imperdoável o processo de perseguição. Eu confesso que esperava que houvesse mais respeito por um homem que deu a este país a dignidade que ele não tinha há muito tempo, dignidade ao Ministério Público, à Polícia Federal, às instituições de Justiça”, disse Lula.

Para o ex-presidente, ele sofre críticas da imprensa por não ser respeitado. “Se não fosse o Lula ser o que ele é, nenhum brasileiro aguentaria 10% do que eu estou aguentando. O que eu quero é que se tenha respeito comigo. Se eu cometi um crime, provem que eu cometi um crime”.