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Senador: PL acatou pedido de Bolsonaro e não apoiará rivais do presidente

Colaboração para o UOL, no Rio

19/11/2021 09h11Atualizada em 19/11/2021 19h52

O senador Wellington Fagundes (PL-MT) disse em entrevista a Fabíola Cidral e Josias de Souza, no UOL News desta manhã, que o partido acatou o pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de não apoiar qualquer adversário seu nas eleições de 2022. Essa é uma das exigências para que o atual chefe do Executivo federal se filie à legenda presidida por Valdemar da Costa Neto.

"Por isso foi entregue carta branca ao presidente Valdemar. Mas pela tradição do presidente Valdemar, pela experiência, com certeza, ele não vai tomar posições individuais. Isso vai ser feito exatamente com a executiva nacional, consultando em cada estado a situação real do estado", disse o senador, sobre as negociações do PL com Bolsonaro.

A filiação de Bolsonaro ao PL havia sido marcada para a próxima segunda-feira (22), mas no último domingo (14) foi suspensa por causa de diferenças entre o presidente e o partido.

Um dos assuntos colocados em xeque nas conversas do PL com Bolsonaro é o afastamento da legenda da possível candidatura do atual vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao governo paulista.

Pode ser que o PL tenha, a partir da filiação do presidente Bolsonaro, uma candidatura própria a governador. Cogitou-se e está na possibilidade, inclusive, do ministro da Infraestrutura Tarcísio (Freitas) ser o candidato do PL em São Paulo. Portanto, modifica complemente aquilo que vinha sendo tratado anteriormente e isso é natural na política. Uma evolução de acordo com o momento, e acredito que todos têm que respeitar acima de tudo o partido, que é o objetivo principal
Wellington Fagundes

'Acredito no casamento'

Depois de suspender sua filiação ao PL, Bolsonaro comparou sua entrada no partido a um casamento, dizendo que havia muito a ser conversado com Valdemar da Costa Neto e que vai "casar ou desfazer o noivado".

No UOL News, Wellington Fagundes diz que "o namoro foi intenso, o noivado está sendo muito mais", mas acredita no "casamento".

"A gente não quer definir uma data (para filiação de Bolsonaro) porque entendemos que houve sim uma certa precipitação quando anunciamos a data do dia 22 de novembro. Essa data é emblemática para o PL, porque é o número do partido e também será o número do ano da eleição. Por isso, tínhamos inicialmente definido o dia 22 de novembro, mas quem sabe pode ser o 22 de dezembro? Mas não tem definido uma data. Esperamos que seja esse ano ainda", disse o senador.

O parlamentar afirmou que o PL tem se reunido desde quarta-feira (17) para acertar os pontos que serão definidos para a filiação de Bolsonaro. De acordo com ele, os encontros entre membros da legenda vão continuar todos os dias até que haja um acordo.

O prego está batido, só falta virar a ponta, a assinatura do presidente. Para isso, temos conversado muito e a última reunião não foi uma reunião específica para tratar do assunto da filiação. Já era uma reunião definida há algum tempo para a gente poder buscar harmonia em todos os estados brasileiros. Foi esse o tema principal
Wellington Fagundes

Insatisfeitos

Ao ser perguntado sobre membros do PL insatisfeitos com o acordo que está sendo feito entre o partido e Bolsonaro, Fagundes tenta minimizar a questão. De acordo com ele, até agora "não há uma discordância maior do partido".

"Nenhuma liderança do PL até agora se manifestou de forma radical ou contrária às decisões do partido. Tudo que estamos buscando exatamente é uma harmonia, mesmo em algum estado que possa ter a possibilidade de um deputado, de uma liderança, ter que sair do PL. Até agora ninguém saiu chutando o pau da barraca", disse o senador.

Apesar da fala de Fagundes, dois importantes membros do PL já se manifestaram contra a filiação de Bolsonaro ao partido. Em entrevista ao colunista Chico Alves na segunda-feira, o vice-presidente da Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou que "Bolsonaro não é leal nem aos seus mais leais aliados" e que o presidente "não seria diferente com o PL".

Além de Ramos, o presidente do PL em Alagoas, Maurício Quintella, demonstrou insatisfação com as condições impostas por Bolsonaro ao partido. Em seu Twitter, na quarta-feira, Quintella escreveu que o "PL está pulando uma grande fogueira" ao filiar "um presidente genocida, que destrói o Brasil dia após dia". Para ele "Bolsonaro precisa ser combatido".

Essas duas lideranças ou outras poderão buscar outros partidos. Até agora não tivemos problema maior, tudo está sendo feito com muito diálogo e principalmente com muito respeito às lideranças regionais e, claro também, à condição da construção de um partido forte
Wellington Fagundes