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Alcolumbre nega ter problema com Mendonça: 'Judeu perseguindo evangélico?'

Do UOL, em São Paulo

24/11/2021 15h43Atualizada em 24/11/2021 17h42

O presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse hoje, durante reunião do colegiado, que se sentiu ofendido com a cobrança pela sabatina de André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Sem citar nomes, o senador afirmou que alguns críticos atribuíram a demora a supostas divergências religiosas, uma vez que Alcolumbre é judeu e Mendonça, evangélico.

"Confesso que pessoalmente me senti ofendido. Chegaram a envolver a minha religião. Chegaram ao cúmulo de levantar a questão religiosa sobre a sabatina de uma autoridade na CCJ, que nunca teve o critério religioso. Minha origem é judaica. Um judeu perseguindo um evangélico? O Estado brasileiro é laico. Está na Constituição", afirmou.

Ele também disse que, além de Mendonça, nove autoridades indicadas para cargos públicos aguardam deliberação na CCJ. Paralelamente, outros seis nomes já sabatinados ainda esperam votação em plenário.

"Há quatro meses, eu sou o grande responsável por não fazer a sabatina de um indicado. Mas não vejo ninguém cobrando [sabatina para] CNJ (Conselho Nacional de Justiça) ou TST (Tribunal Superior do Trabalho). Parece que só tem uma indicação na comissão. Temos dez indicações, e há uma ânsia coletiva de fazer a cobrança de uma única indicação para um único tribunal", disse Alcolumbre.

Processo parado

André Mendonça foi indicado pelo presidente Bolsonaro (sem partido) ao STF em 13 de julho, cinco dias antes do início do recesso parlamentar. Os trabalhos no Congresso retornaram em 3 de agosto, mas não houve nenhum andamento no processo nas semanas seguintes, e o ex-advogado-geral da União ainda espera para ser sabatinado.

Mais cedo, Alcolumbre afirmou que Mendonça deverá ser recebido pela CCJ na semana que vem. A decisão acontece um dia depois de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dizer que se reuniu com o colega e que reforçou o pedido para que ele paute todas as sabatinas pendentes antes do fim do ano.

Todo nome indicado pelo presidente da República para o STF deve passar por um rito no Senado, que começa com a sabatina na CCJ e termina com a apreciação pelo plenário. A demora, de fato, é incomum: dos atuais dez ministros do STF, nenhum esperou mais de oito dias entre a indicação presidencial e o início da tramitação do processo no Senado, como mostrou um levantamento do UOL.

41 votos necessários

Para se tornar ministro do Supremo, André Mendonça precisará do apoio de 41 senadores, maioria absoluta do Senado. A Casa não rejeita uma indicação presidencial para o STF desde o século 19, mas costuma complicar a vida dos indicados em momentos de conflito com o governo.

Em julho, ao menos oito entidades que falam em nome de juízes, advogados, promotores, pesquisadores do direito e policiais lançaram um manifesto para que o Senado rejeite a indicação de Mendonça. Elas alegam que o ex-AGU "em desvio dos requisitos constitucionais, foi indicado pela sua filiação religiosa", "o que viola a garantia fundamental da separação entre Igreja e Estado".

(Com Agência Senado)