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Bolsonaro reclama de ter nome ligado à morte de petista: 'Briga estúpida'

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

16/07/2022 15h10Atualizada em 16/07/2022 22h31

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reclamou hoje, em discurso a evangélicos, de estar sendo associado à morte do petista Marcelo Arruda, assassinado por um bolsonarista no último dia 9 em Foz do Iguaçu (PR). Em pronunciamento de meia hora em uma igreja da Assembleia de Deus em Natal (RN), onde cumpre agenda de compromissos religiosos, Bolsonaro afirmou que a morte foi resultado de "uma briga estúpida e sem razão".

"Sempre um lado quer culpar o chefe do outro lado: olha, o discurso dele levou à morte daquela pessoa lá em Foz do Iguaçu. Ora, meu Deus do céu. O meu discurso levou à morte daquela pessoa? Uma briga estúpida e sem razão?", questionou o presidente. Ontem, a Polícia Civil do Paraná indiciou o policial penal Jorge Guaranho por homicídio duplamente qualificado, mas descartou a hipótese de crime político.

Bolsonaro tocou no assunto depois de fazer uma série de críticas à esquerda brasileira e latinoamericana, além de ataques indiretos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citar o nome de petista. Após fazer referência à morte de Marcelo Arruda, ele citou a queda de homicídios durante o atual governo para sustentar que não estimula a violência.

"Em 2016, tivemos 61 mil mortes violentas no Brasil, a maioria por arma de fogo. No ano passado, no meu governo, passamos para 41 mil, menos 20 mil mortes. Quem está no caminho certo? Quem está mentindo? Quem está tentando falar diferente para chegar ao poder?", disse o presidente, citando dados dos levantamentos realizados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Nos dias que se seguiram à morte de Marcelo Arruda, Bolsonaro fez uma chamada de vídeo com familiares bolsonaristas da vítima. Na ligação, intermediada pelo deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), ele afirmou que "nada justifica" o crime cometido por Guaranho, mas reclamou das notícias que vinham associando a morte aos discursos violentos do presidente.

"A imprensa obviamente, quase toda a esquerda, tá quase que botando no meu colo a ação desse cara", disse Bolsonaro, que, em seguida, convidou os familiares a participar de uma entrevista coletiva em Brasília e falar sobre o caso.

Bolsonaro no Nordeste

A ida de Bolsonaro à Assembleia de Deus foi o segundo compromisso do presidente em Natal. Mais cedo, pela manhã, ele havia ido a uma missa no Santuário dos Mártires, também na capital potiguar.

Aos fiéis católicos, Bolsonaro leu trechos da Bíblia e fez um discurso mais breve, no qual afirmou que reza a Deus para que o Brasil não experimente "as dores do comunismo".

"Toda manhã me levanto e faço algo que me dá forças para vencer: rezo um Pai Nosso e peço a Deus que o nosso povo, vocês, brasileiros, não experimentem as dores do comunismo", disse o presidente, para aplausos do público.

Ainda em Natal, Bolsonaro participa de uma marcha para Jesus pelas ruas da cidade. Em seguida, a previsão é que ele pegue um voo para Fortaleza, onde também deverá participar de uma marcha para Jesus no final da tarde.