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Alagoas libera uso de hidroxicloroquina para doentes de coronavírus

CADU ROLIM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: CADU ROLIM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

15/04/2020 13h39Atualizada em 15/04/2020 15h51

Pacientes com covid-19 que estiverem internados em hospitais públicos de Alagoas receberão a partir de hoje tratamento médico com cloroquina ou hidroxicloroquina associados a outros remédios para tentar a cura da doença, apesar de a eficácia das drogas ainda não ser comprovada em testes científicos realizados em todo o mundo. A liberação vale também para pacientes que ainda estiverem com suspeita da infecção pelo coronavírus.

A portaria Nº. 3.264 /2020, publicada no DOE (Diário Oficial do Estado) de hoje, libera o uso dos medicamentos, apesar de não haver evidências da eficácia deles para doentes da covid-19. A liberação é assinada pelo secretário de Estado da Saúde de Alagoas, Alexandre Ayres.

Segundo o texto, a liberação das drogas para tratamento de pacientes de doentes com o novo coronavírus levou em consideração recomendação da Sociedade Alagoana de Infectologia.

"Esta é uma discussão que a Sesau (Secretaria de Estado da Saúde) está debatendo de forma técnica, junto à Sociedade Alagoana de Infectologia. Hoje, a sociedade baixou uma recomendação pelo uso moderado da cloroquina em pacientes extremamente graves. A Sesau está seguindo este acompanhamento técnico", diz Ayres.

Além disso, a portaria cita que o Ministério da Saúde, em Nota Informativa Nº 5/2020-DAF/SCTIE/MS, apesar de considerar o medicamento como experimental, liberou a cloroquina para uso em pacientes muito graves e intubados, a critério da equipe médica.

A cloroquina e a hidroxicloroquina são usadas para tratar doenças como lúpus, malária, artrite reumatoide e juvenil, além de doenças fotossensíveis. No mundo inteiro, cientistas realizam pesquisas das drogas paras tratamento da covid-19, mas pacientes respondem diferentemente com o uso dos medicamentos.

Quatro pacientes que estavam em estado gravíssimo em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) tiveram melhora no estado de saúde. Já um estudo da Fiocruz apontou que o uso das drogas não teve nenhuma diferença no quadro de pacientes.

Com isso, o artigo 1º foi instituído o protocolo de conduta terapêutica dos pacientes, adolescentes e adultos com suspeita ou confirmação de covid-19 com a posologia indicada para pacientes com grau leve e moderado e pacientes em estado grave, estes últimos internados em UTI.

A portaria traz ainda a declaração a ser assinada pelo médico responsável pela prescrição das medicações, que diz ter explicado, detalhadamente, ao paciente ou aos seus responsáveis legais acerca do tratamento e seus efeitos colaterais. O termo também deixa claro que o paciente pode desistir do tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina. Já o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) para uso de hidroxicloroquina / cloroquina para covid-19 que deverá ser assinado pelo paciente ou responsável legal que libere o uso das drogas no paciente.

O uso das duas medicações ainda é bastante discutido pelos cientistas, tanto pela eficácia, quanto pelos efeitos colaterais que podem causar. A portaria informa que o uso das duas drogas pode ter efeitos colaterais irreversíveis, como retinopatia e ototoxicidade. Além de miopatia tóxica, cardiopatia e neuropatia periférica, visão borrada, diplopia, confusão, convulsões, erupções, alargamento do complexo QRS e anormalidade da onda T. Em casos raros podem ocorrer hemólise e discrasias sanguíneas, como redução dos glóbulos brancos, disfunção do fígado, disfunção cardíaca e arritmias, e alterações visuais por danos na retina.

Dados

No Brasil, 1.532 pessoas morreram com covid-19 e há 25.262 infectados com o coronavírus, segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado no início da noite de ontem.

Já em Alagoas, ocorreram quatro óbitos por covid-19, há 72 pessoas infectadas com o coronavírus - sendo 66 em Maceió, três em Marechal Deodoro e uma em Porto Real do Colégio, Palmeira dos Índios e Satuba. Dezesseis pessoas foram curadas da doença. Os dados foram divulgados ontem pela Sesau.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado na primeira versão do texto, DOE significa Diário Oficial do Estado, e não Diário Oficial da União. O erro foi corrigido.