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Líder de casos de covid-19, Copacabana terá 'lockdown parcial' neste mês

05.05.19 - Movimentação em Copacabana na tarde da última segunda-feira (5), com dia ensolarado - Ivan Sampaio/Estadão
05.05.19 - Movimentação em Copacabana na tarde da última segunda-feira (5), com dia ensolarado Imagem: Ivan Sampaio/Estadão

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

07/05/2020 13h31

Resumo da notícia

  • Copacabana será o primeiro bairro da zona sul do Rio a receber gradis e barreiras nas principais vias
  • Apenas trabalhadores de serviços essenciais e consumidores desses estabelecimentos poderão transitar por lá
  • A medida deve ser colocada em prática a partir do próximo dia 18
  • Hoje, o bairro de Campo Grande, na zona oeste, foi o primeiro da cidade a receber bloqueios

Depois de iniciar hoje o "lockdown parcial" em ruas de Campo Grande, na zona oeste do Rio, a prefeitura pretende estender a medida para bairros da zona sul a partir da semana que se inicia no dia 18. Copacabana será o primeiro da região a receber gradis e barreiras nas principais vias.

Apenas trabalhadores de serviços essenciais e consumidores desses estabelecimentos poderão transitar por lá. O acesso à praia será bloqueado por completo pela Guarda Municipal, com o apoio da Polícia Militar. A informação é do secretário de Ordem Pública, Gutemberg de Paula Fonseca, que chefia o gabinete de crise montado pelo município para combater o coronavírus, em entrevista ao UOL.

Amanhã (8), as ações de bloqueio se ampliarão para mais bairros da zona oeste, com o bloqueio parcial realizado em ruas de Bangu.

Depois de Bangu, bairro vizinho de Campo Grande, os bloqueios chegarão a Sepetiba, Guaratiba, Santa Cruz, Realengo e Taquara —todos, bairros da zona oeste. Em seguida, será a vez de Copacabana e, posteriormente, de Ipanema.

"No gabinete, monitoramos o movimento de pessoas através de dados obtidos via antenas de celulares e satélites que mostram a chamada 'mancha de aglomeração', além de câmeras da CET-Rio espalhadas pela cidade. Esse planejamento pode sofrer alterações, caso nesse final de semana, já notemos um aumento de circulação de pessoas em Copacabana, por exemplo. O mesmo vale para Bangu. Em princípio, estaremos por lá na segunda, mas isso pode ser antecipado", afirma.

Outros bairros do Rio, como Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, ambos na zona oeste, passam por um "monitoramento de alerta", de acordo com o secretário, e podem ser colocados no roteiro de bloqueios. O mesmo vale para a Ilha de Paquetá e para o Méier, na zona norte. "Tudo vai variar, de acordo com o aumento dessas aglomerações monitoradas, mas por enquanto, esses bairros ainda não estão no nosso roteiro", explica.

Copacabana registra hoje o maior número de casos na capital (367). O bairro tem 39 mortes confirmadas por covid-19 —o segundo maior do município empatado com Bangu (zona oeste).

No ranking de casos, Barra da Tijuca surge em segundo lugar, com 343 casos. Campo Grande aparece em terceiro, com 262 infecções —o bairro é o que tem mais mortes (40).

De acordo com o secretário, apesar de a Barra da Tijuca apontar números maiores de infecção, os índices de movimentação pelas ruas do bairro são menores.

No total, a cidade do Rio registra 8.577 casos de covid-19 e 764 mortes. Veja a seguir o gráfico de casos e óbitos no estado fluminense.

Crivella analisa estudo da Fiocruz

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), afirmou na manhã de hoje que vai levar ao seu gabinete de crise um relatório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) que sugere a adoção de medidas de "lockdown (bloqueio total) para evitar uma catástrofe" por causa da pandemia do coronavírus.

O documento foi enviado pela Fiocruz ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que pediu posicionamento para os governos do estado e do município. "Vamos levar à próxima reunião essa recomendação e os argumentos adotados pela Fiocruz", afirmou Crivella.

O prefeito disse que uma reunião com seu gabinete deve ser feita hoje à tarde ou, no máximo, amanhã de manhã, e ressaltou que uma medida como essa precisa levar em conta o impacto econômico.

"De um lado temos a Fiocruz, de outro a Firjan [Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro], a Fecomercio, que falam em desemprego em massa, quebra da atividade econômica. É preciso sempre ouvir os dois lados e tomar uma decisão ponderada", declarou.

Lockdown por 'longo período'

O relatório da Fiocruz sugere que o lockdown poderia ser adotado por um "longo período" de forma intermitente, ou seja, alternando medidas mais duras com momentos de relaxamento.

"Possivelmente, essas medidas serão acionadas e repetidas durante um longo período, já que, até o presente momento, não há perspectiva de término desta situação de crise sanitária e humanitária nos próximos 18 a 24 meses", diz o documento.

O objetivo do relatório, segundo a Fiocruz, é "salvar vidas", pois a adoção tardia de um lockdown "resultaria em uma catástrofe humana de proporções inimagináveis para um país com a dimensão do Brasil".