Vice-presidente Nicolás Maduro, o homem de confiança de Chávez
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David Fernández/Efe
Nicolás Maduro, vice-presidente da Venezuela
O chanceler e vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, designado pelo presidente Hugo Chávez como seu sucessor, é uma figura de tendência moderada, mas apreciada pela importante aliada Cuba.
Diante da missão de substituir o "comandante Chávez", nos últimos tempos Maduro vem tentando emular o discurso do então presidente enfermo, tentando mostrar um lado mais radical em suas aparições públicas.
Chávez definiu Maduro como "um revolucionário por completo, um homem com muita experiência, apesar de sua juventude", e afirmou que é "um dos líderes jovens de maior capacidade para dirigir o destino da Venezuela com sua mão firme, com seu olhar, seu coração de homem do povo, com suas habilidades interpessoais, com o reconhecimento internacional que ganhou".
Maduro, de 49 anos, foi nomeado após a reeleição de Chávez no dia 7 de outubro como vice-presidente e foi ratificado à frente do Ministério das Relações Exteriores, cargo que ocupa desde meados de 2006, pouco antes de o presidente ter sido reeleito na presidência para seu segundo mandato em seis anos.
Anteriormente, este ex-motorista de ônibus e líder sindical de tratamento amável foi presidente da Assembleia Nacional (2005-2006), embora sua atividade parlamentar tenha começado no cargo de deputado em 1999, como membro do Movimento Quinta República (MVR), fundado por Chávez.
"Vejam aonde vai Nicolás, o motorista de ônibus Nicolás. Era motorista de ônibus (...), e como zombaram dele", afirmou Chávez ao nomeá-lo no novo cargo.
Seu nome apareceu com cada vez mais força como possível sucessor de Chávez desde a detecção de um câncer no presidente em junho de 2011, o que o obrigou a se submeter a várias intervenções cirúrgicas e a longos períodos de tratamento em Havana.
No início da crise de saúde, e com Chávez afastado da vida pública por quase um mês, Maduro anunciou que o presidente havia sido operado de um "abscesso pélvico" e depois o visitou frequentemente em Havana durante seus tratamentos médicos.
Quando Chávez retornou a Havana, onde se submeteu a um tratamento de oxigenação hiperbárica e a novos exames médicos, e o fez acompanhado de Maduro, que apareceu descendo as escadas do avião atrás do presidente, um gesto que alguns analistas leram como uma chave sucessória.
Maduro é considerado da ala moderada do círculo mais próximo ao presidente venezuelano, diferentemente de outros estreitos colaboradores, como Diosdado Cabello, o outro nome que soava com força, um ex-militar que participou do frustrado golpe de Estado liderado com Chávez em 1992 e que é atualmente presidente da Assembleia Nacional.
O cientista político Ricardo Sucre destaca as qualidades de Maduro: "Não é ruidoso verbalmente e parece ser uma pessoa com natureza de chanceler, disposta ao diálogo".
"Além disso, é a opção dos (líderes cubanos Fidel e Raúl) Castro", acrescenta este professor da Universidade Central da Venezuela.
Da mesma opinião é a historiadora Margarita López Maya, que destaca "a fidelidade deste político, que se posicionou como o melhor porta-voz internacional do governo de Chávez".
Como chanceler, Maduro adotou ao pé da letra o discurso anti-imperialista do presidente, hostil aos Estados Unidos, assim como a defesa dos regimes da Síria ou do falecido líder líbio Muanmar Kadhafi.
Em julho, Maduro foi acusado pelo governo do Paraguai de ingerência, por ter incitado os comandantes militares paraguaios a evitar a destituição do presidente Fernando Lugo em um julgamento político no Congresso.
Ao mesmo tempo, participou dos processos de integração regional impulsionados pela Venezuela nos últimos anos, como a Celac, assim como das negociações com os novos sócios político-econômicos da Venezuela, como China e Rússia.
Nos últimos meses, durante a recuperação de Chávez, o chanceler, unido sentimentalmente à procuradora-geral da República Cilia Flores, adotou um papel mais protagonista na diplomacia venezuelana, substituindo-o em conferências internacionais, como a Cúpula das Américas realizada em Cartagena (Colômbia) em abril.