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EUA quadruplicam presença militar em Ferguson para conter violência em protestos

25/11/2014 23h07

O Estado americano do Missouri quadruplicará a presença de militares na cidade de Ferguson para conter a violência em protestos motivados pela decisão de um júri de não indiciar um policial pela morte de um jovem negro em agosto passado.

O governador Jay Nixon disse que enviará 2,2 mil membros da Guarda Nacional para a cidade, onde já atuavam 700 integrantes da guarda.

O policial Darren Wilson era acusado pela morte de Michael Brown, de 18 anos, que foi morto a tiros em 9 de agosto, o que gerou grandes manifestações na época.


Ao comentar a decisão do júri pela primeira vez em público, ele disse estar com a "consciência limpa" pelo que fez e que não poderia ter feito nada de diferente.

Em entrevista à emissora ABC News, ele disse temer por sua vida.

Os advogados da família de Brown consideraram a decisão do júri "injusta".

'Pior momento'

Protestos violentos tomaram a cidade após o anúncio da decisão.

Edifícios e veículos foram incendiados, e dezenas de pessoas foram presas até agora.

Segundo um delegado de Ferguson, a cidade passa por seu pior momento de violência na história.

Em um pronunciamento público feito em Chicago, o presidente Barack Obama disse que "não há motivos" para o comportamento destrutivos e os crimes cometidos durante os protestos.


Ele acrescentou que os responsáveis serão indiciados por seus atos.

A frustação causada pela decisão do júri, disse Obama, tem "raízes na percepção de muitas comunidades de que as leis não estão sendo aplicacadas uniformemente ou justamente".

Mais de 80 pessoas foram presas em meios aos tumultos em diversas áreas do condado de St. Louis, do qual Ferguson faz parte.

Destas prisões, 61 foram realizadas na cidade, algumas delas por invasão de propriedade e roubo.

O prefeito de Ferguson, James Knowles, criticou a demora no envio de tropas da Guarda Nacional após o anúncio da decisão, dizendo que elas "não tinham sido enviadas a tempo de salvar nossos negócios".

"Vidas e propriedades têm de ser protegidas. Essa comunidade merece ter paz", disse o governador Nixon a repórteres nesta terça-feira, ao explicar sua decisão de enviar reforços a Ferguson.

'Decisão irresponsável'

O advogado da família de Michael Brown, Benjamin Crum, questionou o processo envolvendo a decisão tomada pelo júri, mas condenou a violência que se seguiu.


Enquanto isso, o líder de um movimento por direitos civis Al Sharpton criticou o fato do anúncio da decisão ter sido feita na noite de segunda-feira ao dizer que a atitude foi "irresponsável".

Os protestos violentos não estão de acordo com o espírito de Michael Brown, acrescentou Sharpton, dizendo que o jovem "não seria lembrado pelas cinzas de prédios em chamas em Ferguson".

O advogado disse que a família de Brown fará pressão por uma nova lei que proteja cidadãos e que exija que policiais usem câmeras no corpo.

Muitos em Ferguson, uma comunidade predominantemente negra, pediram que o policial Wilson fosse acusado de assassinato, mas o júri, formado por nove membros brancos e três negros, todos escolhidos aleatoriamente entre a população do estado - não recomendou esta acusação.

Muito do debate em torno da morte de Brown gira em torno da dúvida de se ele estava se entregando ao policial quando foi alvejado.

As evidências se contradizem com os depoimentos dados por testemunhas.

A família de Brown ainda pode processar civilmente o policial.