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Governo baixa a guarda e bancada da bala se reorganiza sob Lula

O governo federal cedeu às exigências da bancada da bala e deve apresentar um novo decreto, menos restritivo, que regulamenta o acesso às armas de fogo. Neste acordo, no mínimo polêmico, os novos clubes de tiro não poderão ficar a menos de um quilômetro de escolas.

No decreto anterior, nenhum clube de tiro poderia ficar próximo de escolas. Com essa regra, a bancada da bala inteira estava só esperando a oportunidade de derrubar isso, dizendo que seria inviável. O senador Flávio Bolsonaro disse, inclusive, que tem mais de 3.000 clubes de tiro no Brasil e que 94% deles estão a menos de um quilômetro das escolas. Por isso o governo cedeu e só vai valer daqui para frente.

O ministro Lewandowski, durante todos esses meses em que está à frente da pasta da Justiça, não se envolveu diretamente nessa pauta e, quando se envolveu, a única coisa que fez foi receber vários parlamentares da bancada da bala, incluindo Alberto Fraga, Marcos Polon, Eduardo Bolsonaro, Caroline Detone e outros. Achava-se que ele estava fazendo essa escuta ampliada como uma estratégia de negociação para conseguir colocar um meio-termo em que o governo tivesse seus interesses preservados minimamente. Mas quando o projeto em si avançou na Câmara, chegou no Senado e seria votado, ele não compareceu durante todas essas situações. Ele não estava lá e também nem representantes autorizados por ele a negociar.

Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz, disse ao podcast A Hora que o governo estava totalmente fora de cena. A questão é que não atuar não vai tirar o poder da bancada da bala, organizadíssima no Congresso. Então, não fazer nada é dar espaço para que se faça. Uma bancada da bala fortalecida ajuda em outras pautas também, como por exemplo, a bancada ruralista.

Nem que não fosse para não entrar na questão dos clubes de tiro, tinha que ter uma organização do governo para garantir a governabilidade mínima no Congresso Nacional, o que não aconteceu. E agora virá um projeto elaborado em menos de uma semana e, obviamente, não será ouvida a quantidade de pessoas que se ouviu no ano passado para fazer o primeiro decreto. Há também uma grande preocupação sobre o prazo que estava estabelecido para que a fiscalização dos CACs passasse do Exército para a Polícia Federal no início de 2025. Essa mudança foi colocada porque ficou evidente para o governo Lula que a fiscalização do Exército estava falhando e é necessário impedir que essas armas e munições, que foram colocadas numa quantidade inédita durante o governo Bolsonaro, não acabem indo para o crime organizado.

O Lewandowski não está se comprometendo com essa data e nem com essa mudança. Ele é o chefe da Polícia Federal, mas até agora não está confirmado se a data será mantida ou não. Isso é importante porque o grande resultado desse armamentismo do governo Bolsonaro foi o fortalecimento das facções criminosas que estão aí botando fogo no interior de São Paulo, ao que tudo indica, para retaliar governos.

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Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

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