Rádio e TV impulsionam prefeitos candidatos à reeleição
Três dos maiores colégios eleitorais do país exemplificam dois fatores determinantes nestas eleições municipais: o poder da máquina das prefeituras e a ressurreição da propaganda de rádio e TV como principal veículo de comunicação das campanhas.
A velha propaganda de TV e rádio no horário eleitoral catapultou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) de 19% para 27% das intenções de voto em São Paulo no Datafolha. Ele está tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL), que oscilou de 23% para 25% no mesmo período (entre 22 de agosto e 12 de setembro). São os favoritos para irem ao segundo turno. Ambos deixaram Pablo Marçal (PRTB) para trás, com 19%. Marçal não tem tempo no horário eleitoral porque seu partido é minúsculo e foi barrado pela cláusula de barreira.
Nunes não foi o único prefeito candidato à reeleição que cresceu após o início da propaganda na TV. Em Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) dobrou sua pontuação na pesquisa Quaest, de 9% para 18%, após o início do horário eleitoral. Ele aparece agora como o candidato com mais chances de ir ao segundo turno junto com Mauro Tramonte (Republicanos), que lidera com 27%.
No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) ampliou sua enorme vantagem sobre os concorrentes e chegou a 64% das intenções de voto estimuladas (quando o pesquisador mostra uma cartela com o nome dos candidatos ao eleitor) no Datafolha. Tão importante quanto isso, Paes aumentou em 8 pontos sua marca na pesquisa espontânea (quando o eleitor cita de cabeça o nome de seu candidato). A TV e o rádio ajudaram a consolidar o eleitorado do prefeito que busca a reeleição.
O resultado do Datafolha em São Paulo sugere que a estratégia de propaganda via redes sociais que fez de Pablo Marçal um fenômeno até o palanque eletrônico da TV começar a funcionar se mostrou também fugaz. As provocações de Marçal aos adversários durante debates e entrevistas custaram caro ao "coach". Sua rejeição explodiu tão rapidamente quanto seu grau de conhecimento pelo eleitorado: 44% dos paulistanos não votariam nele de jeito nenhum.
As propagandas de rádio e TV dos candidatos à reeleição enfatizam as "realizações" dos prefeitos. Apelam não à ideologia nem à novidade, mas a eventuais ganhos concretos para os eleitores - sejam ruas asfaltadas, sejam redes de wi-fi com internet gratuita em comunidades pobres.
As tendências apontadas pelas pesquisas sinalizam que a eleição municipal, mais uma vez, é decidida pelo pragmatismo do eleitor. As pessoas estão preocupadas com seus problemas cotidianos e tendem a votar em quem acham que tem mais chance de resolvê-los.
Escute a íntegra do podcast A Hora
Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
A Hora é o novo podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube.
Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados de manhã.
Deixe seu comentário