Eleições na Bahia retratam desafios do PT e ganhos do centrão com emendas
Quarto maior colégio eleitoral estadual do país e principal vitrine do PT, a Bahia retrata duas tendências destas eleições municipais. De um lado, as maiores cidades baianas mostram as dificuldades do partido do presidente Lula de retomar o comando de prefeituras estratégicas. De outro lado, a Bahia guarda um exemplo bem-acabado da distorção que o inchaço de emendas parlamentares causa Brasil afora.
Na capital, o PT nem mesmo lançou candidato. Apoia a candidatura de Geraldo Junior, vice-governador do estado pelo MDB. Mas seu desempenho tem sido pífio diante da candidatura à reeleição de Bruno Reis, do União Brasil --que pode se consagrar ainda no primeiro turno.
Na Bahia, a polarização não se dá entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro -- aliás, uma tendência quase geral desta eleição. No Estado, a polarização ocorre entre o petismo e o carlismo, que é como se chama o grupo político herdeiro do ex-governador Antonio Carlos Magalhães. O principal nome do grupo é o de ACM Neto, mas há vários prefeitos carlistas em disputa pela reeleição.
O segundo maior colégio eleitoral da Bahia, Feira de Santana, foi a única cidade para a qual Lula foi --em junho. Recentemente, gravou vídeo para o candidato petista José Neto, que enfrenta o carlista José Ronaldo (União Brasil), que já administrou o município cinco vezes.
O terceiro maior colégio eleitoral baiana é Vitória da Conquista, cidade administrada por Sheila Lemos (União Brasil), onde ACM Neto é popular. Lá o PT fez história com Jorge Solla, um dos fundados do partido e quadro de referência na área da saúde. Há um desejo de retomada do partido na cidade, que o candidato Waldenor Pereira (PT) tenta viabilizar.
A quarta maior cidade é Camaçari, polo petroquímico da Bahia onde começaram suas carreiras os principais quadros do PT baiano. O senador Jaques Wagner, o ministro Rui Costa e o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli eram do sindicato dos petroquímicos e se lançaram a partir de Camaçari. Mais uma prefeitura estratégica para o PT, que tenta eleger o deputado Caetano, contra um nome do carlismo, Flavio Matos.
Já a cidade de Campo Formoso escapa à polarização típica da Bahia. Lá a disputa é retrato da distorção que o inchaço das emendas parlamentares causa. Campo Formoso é o 28º município em população (cerca de 70 mil habitantes), mas a quarta cidade em emendas parlamentares. Foram mais de R$ 90 milhões na gestão do atual prefeito, que tenta a reeleição.
Ele se chama Elmo Nascimento, do União Brasil, e é irmão do deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), influente na cúpula da Câmara e até mês passado favorito para presidir a Casa.
Nascimento é o padrinho do diretor-presidente da Codevasf, a estatal que se notabilizou por obras de pavimentação e distribuição de tratores com dinheiro do Orçamento secreto. Dos R$ 4 milhões distribuídos pela Codevasf recentemente na Bahia, R$ 3 milhões foram para Campo Formoso.
Elmo Nascimento enfrenta Denise Menezes, esposa do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Adolfo Menezes, do PSD, e aliado do PT no governo do estado.
O PSD também é o partido do deputado Antonio Brito, que recentemente se aliou a Elmar Nascimento na disputa pela presidência da Câmara.
Portanto, Elmar Nascimento até ensaiou uma trégua em Brasília com Brito, com o ministro Rui Costa e o senador Jaques Wagner, para tentar se viabilizar presidente da Câmara. Mas em Campo Formoso eles estão todos em franca disputa.
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