Oposição 'aposenta' Lula nas redes por causa de crise no INSS
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O governo Lula, que vinha embalado por uma agenda positiva de medidas econômicas populares, enfrentou uma reviravolta nos últimos dias após a revelação de um esquema de fraudes no INSS que já foi apelidado pela oposição de "golpe nos aposentados".
O escândalo, que veio à tona após investigação conduzida por órgãos do próprio governo federal, permitiu que opositores dominassem a narrativa nas redes sociais, conforme aponta levantamento realizado pela empresa Palver.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.
"As nuvens começaram a se formar quarta-feira de manhã. Imediatamente as redes antissociais da direita, bolsonaristas, mas não apenas as bolsonaristas, tomaram conta da narrativa e o governo perdeu o comando da história", aponta José Roberto de Toledo.
A investigação, iniciada pela CGU (Controladoria-Geral da União) e depois convertida em inquérito criminal pela Polícia Federal com apoio do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), descobriu uma fraude bilionária envolvendo associações que obtiveram autorização para realizar descontos nas folhas de pagamento dos aposentados.
"Doze associações respondem por 90% dos descontos no valor das aposentadorias, e essas associações fazem o quê? Elas prestam pouco ou quase nenhum serviço aos seus filiados, mas de alguma maneira, muitas vezes ilícita, conseguiram que esses filiados autorizassem o seu desconto em folha", explica Toledo. O esquema, segundo a investigação, movimentou mais de R$ 6 bilhões.
A crise ganhou contornos políticos quando veio à tona que um irmão do presidente Lula ocupa a vice-presidência de uma dessas entidades, fato que tem sido explorado intensamente pela oposição nas plataformas digitais, especialmente TikTok, Instagram e YouTube.
"É a versão que está colando porque isso bate numa rede neural que está entranhada na cabeça das pessoas há muito tempo, que vem desde o mensalão, que se aprofundou depois com a prisão do Lula, que é a ligação Lula-corrupção", afirma o colunista do UOL.
O presidente Lula teria sido informado sobre o caso apenas no dia em que a operação foi deflagrada, numa reunião com ministros, o diretor da Polícia Federal e o responsável principal pela CGU. A reação foi imediata: o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado pelo PDT, partido da base aliada, pediu demissão. Segundo aliados, não havia mais clima para que ele ficasse no governo, já sem apoio do presidente Lula (PT).
Até a semana passada, o governo conseguia emplacar uma agenda positiva com propostas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos, medidas com grande apoio popular. Pesquisas internas chegavam a indicar uma possível recuperação na popularidade do governo, que vinha em queda há um ano.
"Quando você está defendendo alguma coisa, como era o caso do governo até a semana passada defendendo a reforma do imposto de renda, você tem um determinado apelo. Agora, quando você ataca e reacende uma rede que já existia, uma sinapse que já existia antes, que é essa conexão que ficou marcada pela prisão do Lula, pela condenação que depois foi desfeita pelo Supremo, você reacende um negócio que já existia e vem com muito mais força", analisa Toledo.
Embora seja cedo para medir o impacto na avaliação do governo, a situação representa claramente um desafio político significativo para a administração Lula. O escândalo surge em um momento em que o Planalto tenta recuperar terreno na opinião pública com propostas econômicas populares, como a reforma do Imposto de Renda.
Os próximos dias serão decisivos para verificar se o governo conseguirá retomar o controle da narrativa, explicando que as investigações foram iniciadas pela própria gestão atual, ou se a oposição continuará capitalizando politicamente o caso nas redes sociais, reforçando antigas associações que haviam sido parcialmente superadas desde a eleição de 2022.
Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.
Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.
72 comentários
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Joe Luis Pinheiro da Silva
"O presidente Lula teria sido informado sobre o caso apenas no dia em que a operação foi deflagrada". O modus oprandis do bandido continua o mesmo, nunca sabe de nada!!! Acabou com o Brazil nos últimos vinte anos, os viralatas continuam comendo osso (também conhecida como cesta básica), mas a fidelidade não acaba. O ditado está certo!!!
Afonso Jorge Ferreira Cardoso
Os próprios jornalista tentam fazer mais alarido sobre a história. Tanto que não mencionam que a frauda começou em 2019 no governo Bolsonaro (por que que não citam isso, só pode ser conluio com a direita). Quem roubou não é do governo, eles roubaram o governo, ponto. O governo já disse que vai devolver e que o irmão do Lula se tornou vice-presidente de um dos sindicatos no ano passado (isso também os jornalistas não fazem questão de esclarecer) e sequer é investigado. Não adianta, Lula será reeleito, podem fazer o que quiserem. O povo não é bobo.
Laurent Wilhelm Blaha
Incrível que neste momento em vez do Sakamoto falar do INSS, do Lupi e do irmão do Lula e do próprio Lula ele insiste em continuar a falar sobre o Bolsonaro no hospital… Jornalista de uma matéria só! Ganha o salário dele só por causa do Bolsonaro … Vergonha!