Moraes manda Mauro Cid de volta à prisão por obstrução de Justiça
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a prisão do tenente-coronel Mauro Cid por obstrução de Justiça. A decisão aconteceu após oitiva que foi presidida pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro de Moraes.
Moraes entendeu, ao decretar a prisão, que Cid descumpriu o dever de manter sigilo sobre a delação, ao mandar áudios comentando temas do seu acordo. Também apontou que as suas ações podem dificultar as investigações e configurar obstrução de Justiça.
A Polícia Federal cumpriu hoje também mandado de busca e apreensão na casa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
O depoimento de Cid hoje foi marcado após revelações de áudios que o militar fez acusações contra a Polícia Federal e Moraes. Durou cerca de meia hora apenas.
Em nota, o STF afirmou que "após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premiada, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes contra Mauro Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mauro Cid foi encaminhado ao IML pela PF".
Depois de passar pelo IML (Instituto Médico Legal), ele fica preso no Batalhão de Polícia do Exército, onde já havia ficado anteriormente.
Apesar da ordem de prisão, ainda não há uma decisão de Moraes sobre a validade do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid. Os áudios de Cid provocaram estremecimento na relação com os investigadores, pela condição de colaborador que ele ostentava.
Há uma avaliação de que as informações apresentadas por Cid em seus depoimentos já foram corroboradas por outras provas independentes, como diálogos dos telefones celulares, por isso o seu acordo não seria indispensável para as investigações.
Fontes ligadas à investigação ouvidas pelo UOL afirmam que é "grande" o risco de a PF querer invalidar o acordo realizado com o militar. Isso vai ser decidido por Moraes e a cúpula da PF.
Áudios vazados mostram conversa do tenente-coronel na qual o militar afirmou que a PF "não quer saber a verdade" e sugeriu ao interlocutor que foi coagido.
Alexandre de Moraes também foi criticado pelo tenente-coronel. Cid afirmou que o ministro do STF "é a lei" e disse que ele "prende quando quiser, como quiser".
Defesa de Cid negou que ele tenha questionado investigações. Em nota mais cedo, a defesa havia dito que o tenente-coronel, em nenhum momento, "coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade" da PF, da PGR (Procuradoria-Geral da República) ou do STF "na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador". Não foi o entendimento de Moraes.
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