Militar se retrata por citar tiro na cabeça de Moraes: 'Comentário infeliz'
Investigado por suspeita de atuação em operações clandestinas da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues prestou um novo depoimento à Polícia Federal no início deste mês sobre o plano de golpe do ex-presidente Jair Bolsonaro e aproveitou a ocasião para fazer um pedido de desculpas ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Giancarlo foi um dos 37 indiciados pela PF no inquérito do golpe, sob acusação de ter produzido investigações paralelas da Abin para abastecer ataques ao processo eleitoral. Os documentos do relatório se tornaram públicos nesta terça-feira (26).
Em diálogos obtidos anteriormente pela PF, Giancarlo conversou com seu superior na Abin, Marcelo Bormevet, sobre um possível tiro de fuzil na cabeça de Moraes. A ideia é citada por Bormevet, e Giancarlo responde com uma expressão em inglês correspondente a 'tiro na cabeça'.
Ao final do depoimento, partiu da iniciativa de Giancarlo abordar o assunto e classificar o episódio como "infeliz". A informação consta no termo registrado por escrito: "Passada a palavra ao declarante, se gostaria de fazer algum esclarecimento a mais, afirmou que nos diálogos que travou com Marcelo Bormevet, este falou a respeito de um tiro de fuzil 762 na cabeça do Ministro Alexandre de Moraes, ao que o declarante reagiu com a expressão "red shot" [a grafia correta seria "head shot"]. Gostaria de esclarecer que foi um comentário de extremo mau gosto e de extrema infelicidade".
Giancarlo afirmou aos investigadores que, no seu trabalho na Abin, não tinha contato direto com o ex-diretor Alexandre Ramagem e só cumpria ordens repassadas por Marcelo Bormevet. Negou ter produzido relatórios sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas e disse que não repassou material para blogueiros bolsonaristas divulgarem nas redes.
"Indagado se ajudava Alexandre Ramagem na pesquisa de dados sobre as urnas eletrônicas e sobre o sistema eleitoral para repassar ao então presidente Jair Bolsonaro, respondeu que não, que não realizou este tipo de pesquisa ou repassou
este tipo de informação. Não tinha qualquer contato com Alexandre Ramagem", registra o termo de depoimento.
Para a PF, entretanto, Giancarlo atuou na produção de relatórios sobre ministros do STF e urnas eletrônicas com o objetivo de desacreditar o processo eleitoral. Por isso ele foi um dos indiciados no caso.
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