Amanda Cotrim

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Reportagem

Greve de transportes cancela voos na Argentina; Corinthians antecipa viagem

Nesta quarta-feira (30), uma nova greve nacional de transporte promete afetar o setor aéreo da Argentina, impactando voos que saem ou chegam ao país — incluindo a viagem do Corinthians, que joga em Buenos Aires na quinta e decidiu antecipar sua chegada.

Além do setor aéreo, os transportes de trens, metrô, caminhões e barcos também vão aderir à paralisação. Alguns sindicatos do setor da educação, incluindo professores, também avisaram que vão cruzar os braços por 24 horas. A greve do setor de transportes foi convocada como resposta às políticas econômicas e ao ajuste de Milei.

Na quinta, a UTA (Unión Tranviarios Automotor), sindicato de trabalhadores do transporte urbano, disse que também vai paralisar os serviços em toda a região metropolitana de Buenos Aires.

O Corinthians, que disputa a semifinal da Copa Sul-Americana na quinta e tem um confronto marcado contra o Racing, em Buenos Aires, chega na Argentina hoje, três dias antes do confronto, escapando de possíveis transtornos aéreos com a greve do setor. De acordo com a assessoria de imprensa do clube, a viagem antecipada "estava prevista há um tempo, mas também porque já se fala da greve (aérea) há um tempo".

A greve prevista para quarta causou o cancelamento de centenas de voos. A Aerolineas Argentinas, empresa que tem mais frequência de voos no país, informou ao UOL que já são 263 voos afetados. Isso significa que quase 28 mil passageiros serão impactados pela paralisação de 24 horas, e mais de 15 mil passageiros foram redirecionados. Quase 4 mil passageiros são de voos internacionais.

A estatal argentina informou que está orientando os clientes sobre a situação e dando opções de remanejamento de datas e mudanças direto pelo site da empresa.

A Flybondi, empresa que mantém voos com cidades brasileiras e argentinas, informou à imprensa que remanejou alguns voos e que, por enquanto, oito voos foram cancelados.

Procurada pela reportagem, a GOL informou que "cancelou seus voos de/para os aeroportos da Argentina nesta quarta-feira, 30 de outubro de 2024. A ação se deve à greve geral anunciada para o país nesta data, que afetará toda a operação aeroportuária nas cidades em que a Companhia opera (Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e Rosário), impossibilitando a realização dos voos".

A aérea também informou que "todos os clientes terão seus voos remarcados para outras datas e poderão realizar a alteração sem custos, ou poderão solicitar reembolso integral, de acordo com a vontade de cada passageiro"

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O representante sindical da Associação de Pilotos da Argentina, Juan Pablo Mazzieri, informou ao UOL que os trabalhadores reivindicam recomposição salarial compatível com uma inflação de quase 200% num período entre outubro de 2023 a setembro de 2024. Segundo Mazzieri, o salário dos funcionários do setor está degradado em 80%.

O que diz o governo

O porta-voz do governo Milei, Manuel Adorni, disse hoje em entrevista coletiva que os "sindicatos são grandes defensores dos privilégios de uns poucos em detrimento da grande maioria dos argentinos de bem". O representante da Casa Rosada afirmou que os sindicatos que convocaram a greve de transportes não estão do mesmo lado dos argentinos que querem viver "em um país melhor e não querem parar".

Na semana passada, o governo Milei anunciou a privatização da empresa Trens Argentinos Cargas, principal estatal do setor, que compreende três linhas ferroviárias e percorre 16 estados.

Recentemente, o governo também informou que fará uma auditoria nas universidades públicas, que reclamam não ter dinheiro para pagar a conta de luz e trabalham com salários de funcionários abaixo da linha da pobreza. Como resposta, mais um protesto universitário, o terceiro em seis meses, foi convocado para o dia 12 de novembro.

Aerolineas Argentina protesta contra privatização

Milei promete, desde a campanha presidencial, privatizar a Aerolineas Argentinas, principal empresa aérea do país. O governo tentou privatizá-la por meio da Lei de Bases (conhecida como "lei ônibus"), mas precisou retirar a empresa da lista para conseguir avançar com a aprovação da lei.

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No início do mês, Milei anunciou um decreto que permite que a empresa seja privatizada, causando revolta em parte dos funcionários e sindicatos. O governo alega que a Aerolineas usa o tesouro para se manter e que o Estado não deve arcar com os custos da empresa.

Procurada pelo UOL, a empresa afirma que que a empresa reduziu em 2023 mais de 70% do déficit operacional, passando de US$ 272 milhões para US$ 79 milhões. "Em julho, geramos um lucro genuíno de mais de 20 milhões de dólares", disse a empresa em nota enviada à reportagem. Como os lucros são calculados anualmente, a estatal disse não ter os números dos lucros em 2024.

Reportagem

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