Lula não precisaria cortar gastos se tivesse mantido teto, diz Meirelles
Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, disse à coluna que, se o governo Lula tivesse mantido o teto de gastos, não estaria na iminência de uma crise fiscal, com a necessidade de medidas para controle de gastos.
Meirelles participa do Lide Brasil Conferência Lisboa, um evento em parceria com o UOL para discutir as relações Brasil-Europa.
A regra foi criada no governo Michel Temer e substituída no governo Lula pelo arcabouço fiscal. Os petistas diziam que o teto de gastos limitava a capacidade do Estado de investir em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
O teto estabelecia regras mais rígidas para o controle das despesas públicas, que não podiam crescer acima da inflação do ano anterior. O arcabouço é mais flexível e atrela o aumento de despesa ao da arrecadação.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem alertado o governo de que, sem um pacote de medidas para conter os gastos, o país pode comprometer a sustentabilidade das finanças públicas.
Haddad repete o discurso há três semanas, sem apresentar as medidas. O PT divulgou nota criticando um pacote que ainda não existe. Toda essa especulação tem afetado a economia, com o dólar chegando a R$ 6,00.
A discussão pública dentro do governo é alvo de crítica entre empresários e políticos. "A economia está bem, mas quando o governo fala ela piora", observou o ex-senador e ex-ministro Romero Jucá.
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, disse no evento do Lide/UOL que "há uma trajetória fiscal que não é sustentável" celeridade nessa discussão.
"O Brasil vivencia um paradoxo. A gente tem dados correntes da economia excelentes, como PIB, varejo e consumo, mas, por outro lado, temos questões estruturais no campo das finanças públicas, sem as quais é difícil alcançar o crescimento. Há uma trajetória fiscal que não é sustentável. É preciso um bom ambiente de negócios, que depende de um ambiente macroeconômico estável. A direção do Brasil está correta, mas precisamos imprimir um ritmo mais forte na contenção dos gastos públicos", avaliou, no debate em Lisboa.
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