Para desgastar Tarcísio, governo Lula silencia sobre atentado em Guarulhos
Dois dias após atentado que resultou em duas mortes dentro do aeroporto de Guarulhos, o governo federal evitou declarações ou mesmo notas públicas sobre o ocorrido. O Ministério da Justiça, em especial, responsável no âmbito federal pela área da segurança publica, silenciou sobre a ação criminosa no maior aeroporto internacional do país e da América do Sul.
O complexo aeroportuário está sob responsabilidade da União.
Até agosto, 28,6 milhões de pessoas passaram pelo aeroporto. Uma média de 120 mil viajantes por dia. Guarulhos está entre os 30 aeroportos mais movimentados do mundo.
As operações internacionais movimentaram em média 44,7 mil passageiros por dia em agosto, somando 229 operações diárias para mais de 51 localidades de quatro continentes. As rotas com mais passageiros em agosto foram Santiago, Buenos Aires, Madri, Miami e Lisboa, informa GRU.
Os assassinatos em Guarulhos do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), e do motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, que trabalhava na área do aeroporto, afetam a imagem do país.
O silêncio do governo federal, entretanto, é estratégico. Petistas tentam colocar no colo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freiras (Republicanos) ineficiente na segurança pública. Uma agenda cara para a direita.
Um estudo da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do MJ, mostrou que o país tem hoje 88 facões criminosas, variadas do PCC e CV. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tenta construir um acordo com governadores em torno de uma proposta ainda não formalizada de combate à segurança pública.
O governo Lula chega à metade do seu governo sem um projeto para essa área. Com a saída de Flávio Dino para o Supremo, o MJ se apagou com sua agenda concentrada em temas burocráticos e internos. Neste domingo, a página do ministério destacava três temas: política migratória, defesa do consumidor e violência contra a mulher.
Agora que não é mais ministro do Supremo, quando não será mais cobrado por aparecer demais, Lewandowisk segue enclausurado. O secretário nacional de Segurança Pública, Mario Luiz Sarrubbo, uma autoridade no tema, nunca acompanhou o ministro em agendas com o presidente Lula, segundo registros oficiais.
Aliás, a agenda de Lula revela a prioridade do governo com o estado cada vez mais dominado pelas facções. Em quase dois anos de mandato, nenhuma reunião individual com o ministro sobre o tema, considerando as agendas públicas. Desde fevereiro deste ano, quando assumiu a vaga, Lewandovski teve 12 reuniões com o presidente.
Segundo a assessoria do Ministério da Justiça, a única manifestação a respeito do tema foi feita em nota para um jornal.
"O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Polícia Federal, está acompanhando a a investigação e prestando todo o apoio necessário à Polícia Civil de São Paulo, disponibilizando peritos e equipamentos. A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, que está em avaliação e, em breve, será encaminhada ao Congresso, facilitará a troca de informações sobre facções criminosas, além de propiciar a realização de operações conjuntas das distintas polícias", diz o texto reencaminhado à coluna.
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