Com emendas bloqueadas, governo envia verba da Saúde a aliados de ministros
O governo Lula priorizou aliados de primeria hora na distribuição de recursos próprios do Ministério da Saúde liberados enquanto o STF (Supremo Tribunal Federal) bloqueia as emendas parlamentares.
Documentos aos quais a coluna teve acesso mostram que o governo enviou, nos moldes da emenda Pix (dinheiro diretamente para o caixa de estados e municípios) sem identificar os padrinhos dos pedidos de verbas. A coluna de Malu Gaspar, em O Globo, mostrou que a conta pode ser maior, chegando a R$ 2,5 bilhões em "emendas disfarçadas".
O governo e o Ministério da Saúde tem negado o uso político das verbas da pasta e ilegalidades na distribuição.
A falta de transparência é o principal argumento de Flávio Dino para bloquear as emendas direcionadas por deputados. No caso da verba própria, o ministro do Supremo não questionou o uso. O foco do ex-ministro da Justiça de Lula tem sido os atos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), todos referendados por líderes partidários, incluindo do PT.
Portarias publicadas pelo Ministério da Saúde mostram que, até o momento, prefeituras e governos do PT foram as principais beneficiadas com as verbas da Saúde direcionadas pelo governo.
A Bahia, reduto eleitoral do ministro Rui Costa (Casa Civil), recebeu R$ 118,4 milhões, o maior volume de recursos. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) é do grupo político do ministro. Já a prefeitura de Salvador, de Bruno Reis (União Brasil), oposição ao PT no estado, não foi contemplada até o momento. Para a prefeitura de Itabuna, governada por Augusto Castro (União), recebeu R$ 28,7 milhões.
Para o Maranhão, foram R$ 40 milhões. O governador Carlos Brandão (PSB) está em pé de guerra com o ministro Flávio Dino, mas é um aliado de primeira hora de Lula.
O Ceará, governado por Elmano de Freitas (PT), recebeu R$ 56,2 milhões. O governador tem o apoio do ministro Camilo Santana (Educação).
Por outro lado, o governo do Rio de Janeiro, comandado pelo oposicionista Cláudio Castro (PL), mesmo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi contemplado com R$ 57.952,15. A prefeitura do Rio, por sua vez, recebeu R$ 150 milhões. O prefeito Eduardo Paes (PSD) é aliado de Lula e um dos poucos que o presidente recebeu nos dois primeiros anos de mandato.
O governo do Paraná também não recebeu verbas, até o momento. O governador Ratinho Júnior (PSD) é um dos cotados da centro-direita para concorrer contra Lula em 2026. Redutos políticos de deputados do PT no estado, por outro lado, foram contemplados.
Nesta terça-feira (31), o Novo pediu para o TCU (Tribunal de Contas da União) analisar a legalidade dos repasses próprios da Saúde. O PSOL, que ingressou no Supremo para bloquear as emendas da Câmara, não apresentou questionamentos sobre o uso dos recursos pelo governo até o momento.
Linha direta
O UOL revelou, em uma série de reportagens, que o governo vem usando esse orçamento próprio dos ministérios, em especial o da Saúde, para atender a um grupo político ligado diretamente ao presidente Lula. Após encontros com o presidente, prefeitos recebem recursos que saem diretamente do caixa dos ministérios sem qualquer análise técnica.
Como também revelou o UOL, a pasta da Saúde é controlada pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), que emplacou nomes em postos-chave. A ministra Nísia Trindade, uma técnica, é cercada por petistas indicados pelo ministro.
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