Oposição acorda: gritos de "Fora Bolsonaro" se espalham por toda parte
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Foram duas noites seguidas de panelaços, janelaços, buzinaços e apitaços, acompanhando os gritos de "Fora Bolsonaro!", com luzes piscando nos prédios e letreiros luminosos com críticas ao presidente.
Bem antes das 20h30, horário marcado para os protestos começou o barulho que anunciou ao país a volta da oposição, depois de 14 meses e meio de calmaria para o governo.
Já no meio da tarde, durante a entrevista coletiva do presidente e ministros para falar sobre o coronavírus, já houve manifestações contra o presidente nas principais capitais.
Bem que o presidente tentou reagir, depois das imagens mostradas na véspera nos telejornais noturnos, mas deu tudo errado.
Bolsonaro planejava começar o dia com uma reunião ao lado de todo o ministério, mas teve que cancelar depois que o seu principal conselheiro, o general Augusto Heleno, do GSI, foi diagnosticado com coronavírus.
Foi o 17º membro contaminado na comitiva que viajou com o presidente para os Estados Unidos _ um sinal da gravidade da situação que Bolsonaro tentou o tempo todo minimizar.
No começo da tarde, improvisou-se uma entrevista coletiva no salão oeste do Palácio do Planalto para prestar contas à população sobre as providências tomadas pelo governo.
Presidente e ministros apareceram todos com máscaras cirúrgicas para mostrar que agora o assunto era sério, não uma "histeria" da mídia.
Teve repórter que chegou a pedir desculpas ao fazer sua pergunta e o presidente fez discursos políticos com críticas à imprensa, atrapalhando-se ao tirar e colocar a máscara, que ficou pendurada em sua orelha direita.
Um a um, os ministros foram prestando contas do que fizeram ou pretendem fazer em suas áreas para enfrentar a pandemia.
Chamou a atenção o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, que vinha tendo um comportamento discreto e técnico e, desta vez, exagerou nos elogios para afinar seu discurso com o do presidente.
No final da entrevista, Bolsonaro aproveitou para divulgar que, às 21 horas, haveria manifestações a favor do governo e desafiou a TV Globo a fazer a cobertura, assim como mostrara os protestos da oposição.
À noite, no Jornal Nacional, depois de mostrar imagens dos protestos da oposição por toda parte, em longa reportagem, o Jornal Nacional registrou também que bolsonaristas se manifestaram, mas em número bem menor.
O objetivo da coletiva era se antecipar aos protestos para mostrar que o governo está trabalhando para proteger a população, com medidas de emergência na saúde pública e na economia.
Nos planos do presidente, a estratégia de contra-atacar deveria ser completada à noite com uma reunião dos presidentes dos Três Poderes no Palácio do Planalto, bem na hora das manifestações, para mostrar que o país estava unido e coeso, como Bolsonaro gosta de dizer.
Mas, logo de manhã, chegou a notícia de que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também tinha contraído o vírus e estava de quarentena em casa.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, avisou que não iria participar da reunião "só para tirar fotografia" e preferiu tocar no plenário a votação do decreto de calamidade pública solicitado pelo governo.
Só o presidente do STF, Dias Toffoli, marcou presença, junto com outras autoridades do Judiciário, em nova entrevista coletiva com máscaras.
Nos próximos dias, o pacotão de medidas anunciadas durante o dia, tardias e confusas, será desembrulhado por Paulo Guedes e só então saberemos se terão efeito prático para proteger as vidas, a renda e os empregos da população.
Não era mesmo possível acreditar que o mundo inteiro estivesse errado, e só o Brasil estava certo.
Vida que segue.
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