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CORONAVÍRUS: Pesquisa mostra que maioria não confia mais no governo

Colunista do UOL

19/03/2020 14h01

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De tanto repetir que não disse o que disse, afirmar uma coisa hoje e o contrário amanhã, sem ter a menor ideia do que está falando, atirar para todos os lados, botar fogo no circo e depois se fingir de bombeiro, desafiar as leis, o bom senso e os bons costumes, o atual ocupante do Palácio do Planalto caiu em completo descrédito, a pior coisa que pode acontecer a um governante.

É o que mostram os números da pesquisa da consultoria Atlas Político publicada pela CNN Brasil nesta quinta-feira.

Foi inútil montar a encenação do teatro de máscaras no Palácio do Planalto para mostrar que o governo agora está preocupado com a pandemia do coronavírus, depois de o presidente passar as últimas semanas negando o perigo iminente, que já deixou quatro mortos, e se alastra pelo país em progressão geométrica de infectados.

Para 64% da população, o plano de combate à doença anunciado na quarta-feira não serviu para melhorar o ânimo da população e resgatar a credibilidade do governo.

Além de reprovar o plano, 73% avaliam que a situação irá piorar e 80% acreditam que o sistema de saúde não suportará o aumento do número de doentes.

A pesquisa mostra ainda que 29% dos entrevistados acreditam que algum familiar vai perder o emprego e 67% estão com medo de sair de casa.

"Os dados, coletados entre segunda-feira e quarta-feira desta semana, com 1900 entrevistados, apontam ainda grande pessimismo por parte da população em relação ao crescimento dos casos da doença no Brasil", relata a matéria da CNN.

Se não bastasse o derretimento do governo Bolsonaro nas pesquisas e nas redes sociais, onde seus apoiadores pela primeira vez perdem espaço para a oposição, o filho Eduardo, o 03, ex-quase embaixador brasileiro em Washington, acaba de provocar uma crise com o governo chinês, o nosso maior parceiro comercial, no mesmo momento em que o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, pede ajuda à China para importar equipamentos e insumos médicos em falta no Brasil.

Eduardo Bolsonaro acusou o governo chinês no Twitter de ser o responsável pela pandemia ao esconder informações e recebeu uma dura resposta do embaixador Yang Wanming:

"É uma pessoa sem visão internacional nem senso comum, sem conhecer a China e o mundo. Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil ou vai tropeçar feio".

Wanming exigiu que Eduardo "retire imediatamente suas palavras e peça desculpas ao povo chinês".

Em seu Twitter oficial, a embaixada chinesa diz que as palavras do deputado são irresponsáveis. "Ao voltar de Miami contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizade entre nossos povos".

Para evitar que essa crise se agrave, e outras surjam, uma boa providência seria recolher os celulares do presidente e dos seus filhos, que deveriam cumprir uma quarentena digital.

Vida que segue.