De onde vinha tanto dinheiro do esquema Bolsonaro-Queiroz?
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Teriam sido a fantástica movimentação contábil da loja de chocolates de Flávio Bolsonaro, revelada todas as noites pelo Jornal Nacional, assim como os cheques depositados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, abastecidos apenas pelas românticas "rachadinhas" praticadas nos gabinetes da família?
Mesmo que as dezenas ou centenas de funcionários fantasmas que passaram pelos gabinetes de Jair, Carlos e Flávio entregassem todo o salário ao esquema montado sob o comando do ex-PM Queiroz, amigo do presidente há mais de 30 anos, daria para cobrir tantos saques feitos na boca do caixa para pagar a compra de uma farta coleção de imóveis e fazer o pagamento das despesas pessoais dos seus chefes?
A reação furibunda do presidente, que perde o controle quando os repórteres tocam nesse assunto, sugere que há mais coisas ainda escondidas nas fontes desta fábrica de dinheiro de origem suspeita.
Não adianta Bolsonaro ameaçar dar porrada na cara ou chamar jornalistas de bundões.
Isso não vai resolver o seu maior problema desde que assumiu o governo: a relação da família com Fabrício Queiroz e as relações do ex-assessor com o submundo do crime organizado que tomou conta de vastas áreas do Rio de Janeiro.
Ao contrário, pode agravá-lo cada vez mais, à medida em que o presidente não responde a uma pergunta simples que o mundo todo está fazendo: por que Queiroz depositou tantos cheques na conta de Michelle Bolsonaro?
Elos com miliciano
Tem muito caroço debaixo deste angu quando lembramos que Queiroz levou parentes de chefes das milícias para os gabinetes.
Quem tocou hoje nesta ferida aberta foi o colunista Joel Pinheiro da Fonseca, na Folha.
Sob o título "O calcanhar de Aquiles de Bolsonaro", ele escreveu no final do artigo que o problema pode não estar só nas "rachadinhas".
"Se, contudo, os tentáculos financeiros do clã Bolsonaro se estenderem também às milícias do Rio — ajudando a sustentar gangues que extorquem, chantageiam e matam —, daí não estamos mais falando de pequena corrupção, e sim de crime organizado".
O elo desse esquema era o ex-PM Adriano da Nóbrega, um dos chefes do "Escritório do Crime", morto numa operação policial na Bahia, no começo do ano, com todos os indícios de "queima de arquivo".
A mãe e a mulher de Nóbrega trabalhavam com Queiroz no gabinete de Flávio.
De volta ao "bolsonarismo raiz"
Pode ser tudo uma conspiração de coincidências, mas é fato que Flávio condecorou Nóbrega, quando ele estava preso, e Jair, que também distribuiu medalhas a policiais, defendeu a ação das milícias quando ainda era deputado.
Com a prisão de Fabrício Queiroz, o presidente entrou na muda e não falou mais com a imprensa, até que no domingo o repórter do Globo lhe fez a pergunta que não quer calar nas redes sociais: "Por que Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle Bolsonaro".
O destino do dinheiro do esquema Bolsonaro-Queiroz, aplicado em investimentos imobiliários, a gente já sabe.
Só falta esclarecer a origem de tanto dinheiro vivo e cheques circulando nas mãos da família e na loja de chocolates.
Sem ter respostas para apresentar, é isso que explica a volta de Bolsonaro ao "bolsonarismo raiz", ou seja, bala, porrada e bomba, armas e munições para todos.
Vida que segue.
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