Na festa da cloroquina, Bolsonaro culpa "politização" pelas mortes
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Leitores recomendam que os jornalistas parem de falar de Jair Bolsonaro, o personagem onipresente no noticiário, mas é impossível. Ele não deixa.
Acabou a breve trégua que se seguiu à prisão de Queiroz. Bolsonaro já voltou a ser ele mesmo
Em evento organizado no Palácio do Planalto para promover o uso da cloroquina no combate à covid-19, na manhã desta segunda-feira, o presidente voltou com a corda toda aos seus ataques contra a imprensa e seus profissionais, e tripudiou sobre a morte de quase 115 mil brasileiros.
Na única menção que fez às vítimas da pandemia, afirmou que "se a hidroxicloroquina não tivesse sido politizada, muito mais vidas poderiam ter sido salvas dessas 115 mil perdidas".
Quem politizou? Em quais estudos científicos o presidente baseia essa conclusão? Ou isso não vem ao caso?
Cansado de ficar em silêncio e posar de moderado, Bolsonaro estava novamente possesso. Reclamou de ser "alvo do deboche da mídia" ao falar do seu histórico de atleta, "mas quando pega num bundão de vocês a chance de sobreviver é bem menor do que a minha".
Alexandre Garcia, a "exceção"
A segurança foi reforçada pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do general Heleno para evitar a aproximação dos jornalistas, que segundo o presidente "só sabem fazer maldades".
Nem todos. Ao apontar para Alexandre Garcia, o ex-global que virou garoto-propaganda da cloroquina e se tornou porta-voz informal do bolsonarismo na CNN, uma das atrações do evento organizado por Arthur Weintraub, assessor da Casa Civil e irmão do ex-ministro Abraham, o presidente fez questão de enfatizar:
"Tem exceções, como aqui o Alexandre Garcia".
O grande ausente da cerimônia "Vencendo a covid-19" foi o general interino do Ministério da Saúde, que tinha outro compromisso, demonstrando a importância dada pelo governo ao combate à pandemia, que só serviu de pano de fundo para as queixas do presidente contra o trabalho da imprensa.
Presidente credita frase da "gripezinha" a Drauzio Varella
Na seleta plateia estavam vários médicos defensores da cloroquina e Bolsonaro quis deixar bem claro que quem inventou a história da "gripezinha" foi o oncologista Drauzio Varella, que apresenta um quadro sobre saúde na sua inimiga Globo. "E depois eu fui atrás", esclareceu.
Enquanto isso, no país real, o coronavírus continua matando em média mil pessoas por dia e contaminando outras 38 mil, mas nenhuma nova medida foi anunciada pelo governo durante o evento para enfrentar a pandemia.
Nas redes sociais, a nova ofensiva do presidente contra a imprensa foi prontamente seguida pelas milícias digitais, que invadiram as redes após a ameaça ao repórter do Globo, com a pergunta "Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?".
Até o momento em que escrevo, nenhuma resposta ainda foi dada. Nem será, enquanto o casal Queiroz continuar recolhido à prisão domiciliar.
Os Bolsonaros não podem nem ouvir falar nisso.
Vida que segue.
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