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OPINIÃO

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Tuíte de Villas Bôas levou militares de volta ao poder na garupa do capitão

General Villas Bôas: as 75 palavras de um tuíte que abriram caminho para levar levar os militares de volta ao poder com Bolsonaro -
General Villas Bôas: as 75 palavras de um tuíte que abriram caminho para levar levar os militares de volta ao poder com Bolsonaro

Colunista do UOL

21/02/2021 13h49

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O golpe de mestre do general Villas Boas, que enquadrou o STF com apenas um tuíte de 75 palavras, deixando o caminho livre para Bolsonaro na eleição presidencial de 2018, levou os militares de volta ao poder, na garupa do capitão.

Quem conta essa versão não sou eu, mas o próprio general, em livro autobiográfico, no qual divide a responsabilidade da proeza com seus colegas do Alto Comando do Exército.

Resumo da ópera desta semana: 35 anos após a redemocratização, o Brasil volta a viver sob o comando das Forças Armadas, que reassumiram o protagonismo da cena política no país pelo voto, sem precisar por os tanques na rua.

"Se tudo tivesse que depender de mim, não seria esse o regime que nós estamos vivendo. E, apesar de tudo, eu represento a democracia no Brasil", revelou um inconformado Bolsonaro, durante formatura de cadetes do Exército no sábado, em Campinas, abrindo o jogo para revelar onde gostaria de chegar.

Como assim? Se não é esse o regime que ele quer, o outro só pode ser a volta da ditadura militar, sem disfarces. E o que ele quis dizer com "apesar de tudo"?

Com o Congresso já totalmente dominado pelo bando do Centrão, os militares do alto escalão felizes com suas mordomias, ocupando cada vez mais cargos no governo, o que falta ainda para Bolsonaro adotar um regime mais ao seu gosto de aprendiz de tirano?

Falta tratorar a imprensa e o STF, que se acovardaram há três anos, e só agora vieram a se queixar da interferência indevida e decisiva do então comandante do Exército na eleição.

Com a completa desmoralização do "projeto liberal" de Paulo Guedes, que virou um fantasma perdido no governo, consumada esta semana com a intervenção do presidente na Petrobras e a nomeação de mais um general, na mão grande, Bolsonaro resolveu mostrar claramente para os desavisados quem manda no país:

"A gente vai fazendo as coisas, vai mudando, vai melhorando. Eu não tenho medo de mudar, não. Semana que vem deve ter mais mudança aí. E mudança comigo não é de bagrinho, é de tubarão. O que não falta para mim é coragem para decidir, pensando no bem maior para nossa nação", proclamou aos 419 cadetes perfilados em Campinas diante do "Mito".

Ao ver a cena, me lembrei de um outro oficial subalterno quando iniciava sua escalada ao poder absoluto na Alemanha dos anos 30 do século passado.

Haja generais para as mudanças que o capitão ainda quer fazer em sua escalada autoritária para assumir o poder absoluto.

Quantos Pazuellos ainda serão nomeados?

Até os generais de pijama do Clube Militar já resolveram botar as manguinhas de fora. Em nota divulgada também no sábado, assinada pelo general da reserva Eduardo José Barbosa, eles miraram no STF por ter mandado prender o deputado bolsonarista Daniel Silveira, "sem entrar no mérito das palavras".

"Por que os ilustres ministros do STF pensam que apoiar o Regime Militar (como fez o deputado), que foi instaurado a partir de 1964 é crime, quando uma grande parcela da população tem saudades daquela época? A democracia que temos hoje no Brasil começou em 1964..."

Que maravilha... De fato, estamos voltando a passos largos para a "democracia" de 1964". Quem tem saudades dessa época são eles porque, segundo o Datafolha, para 78% da população, o regime militar foi uma ditadura e 75% apoiam a democracia, o regime que não agrada muito a Bolsonaro.

A gente vai vendo e ouvindo estas coisas, vai se acostumando, e ninguém reage, com o capitão Bolsonaro e sua tropa tocando a boiada, de volta a um passado, que se imaginava sepultado em cova funda, e agora ressurge como assombração.

Quando a gente acordar desse pesadelo, poderá ser tarde demais.

Vida que segue.