Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Sem defesa, estratégia de Bolsonaro é partir para o esculacho
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Após um dia de derrotas na CPI do Senado que investiga a atuação do governo no combate à pandemia, Bolsonaro desistiu de se defender e resolveu partir para o esculacho.
Em conversa com apoiadores no Alvorada, voltou a atacar governadores e prefeitos, "que receberam 700 bilhões da União, mas roubaram dinheiro, desviaram".
Engana-se quem imaginar que não há uma estratégia por trás destes ataques. Bolsonaro é o grande estrategista dele mesmo, mestre em desviar o assunto e encontrar culpados para todos os males do governo. "Eu não errei na questão da pandemia", garante.
Sem apresentar provas, joga no ar acusações vagas para responsabilizar prefeitos e governadores pelo mau uso das verbas e os responsabiliza por "fechar tudo", levando a população ao desemprego e à fome.
"A CPI vai investigar o que?", pergunta, candidamente, como se o próprio governo já não tivesse distribuído um prontuário com 23 questões para serem respondidas por seus ministros.
E ele mesmo responde: "Querem fazer um carnaval fora de época".
Uma das acusações recorrentes contra Bolsonaro e seu parça, o general Pazuello, é o dinheiro investido em remédios de eficácia não comprovada, mas ele não dá o braço a torcer.
"Agora vem a CPI investigar conduta minha? Se eu fui favorável à cloroquina ou não... Se eu pegar um novo vírus, vou tomar de novo. Me safei em menos de 24 horas, assim como milhões de pessoas".
Bolsonaro reage quando se sente acuado e começa a atirar para todo lado. Derrotado na tentativa de impedir o senador Renan Calheiros de ser o relator da CPI, ora Bolsonaro tenta estabelecer alguma ponte com o peemedebista, ora aciona seus senadores para recorrerem ao Supremo contra a permanência de Calheiros na comissão.
São tantas as evidências da omissão de Bolsonaro na compra de vacinas e de insumos básicos para os hospitais, que o presidente simplesmente não tem como desmentir as reiteradas manifestações sobre a pandemia feitas em suas lives semanais, em que debochava das medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos, conclamando a população a sair às ruas.
"Nós não podemos ser um país de maricas", comentava, e ria das próprias piadas, minimizando a gravidade da situação, que já deixou um rastro de quase 400 mil mortos.
É tudo tão grotesco, que o chefe da Casa Civil, um general de 4 estrelas, disse ter tomado a vacina "escondido" para não contrariar o chefe.
Depois de passar meses fazendo campanha contra as vacinas e boicotando a sua compra, Bolsonaro agora não quer ser vacinado antes que o último brasileiro seja imunizado.
Na sua guerra particular com o governador João Doria, Bolsonaro perdeu todas as batalhas e, quando acordou para o tamanho da tragédia, já era tarde. Mas a culpa de tudo vai acabar sobrando para o espaçoso general Pazuello, que só fazia o que o seu chefe mandava.
Em minoria na CPI, só resta a Bolsonaro fazer o que mais gosta: instalar a discórdia, mirar nos inimigos reais ou imaginários, apostar no conflito e na confusão, e partir para o esculacho na tentativa de desmoralizar as investigações.
Vida que segue.
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