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Por que os comandantes militares ficam na reunião de Bolsonaro com o TSE?
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Era para ser apenas uma reunião protocolar, com 30 minutos de duração, para a entrega de um convite.
Mas a bagunça na agenda e no protocolo presidencial transformaram o encontro de Bolsonaro com os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que presidirão o TSE neste ano de eleições, em mais uma saia justa entre os poderes.
Foi uma reunião relâmpago: durou apenas 9 minutos, e o presidente nem respondeu se aceitará ou não o convite para a posse dos ministros, no próximo dia 28.
Moraes limitou-se a dizer "bom dia" e "até logo". Fachin falou em nome do TSE não apenas para o presidente, mas para uma plateia, que incluía o ministro da Defesa, general Braga Netto, os três comandantes militares, o advogado-geral da União, Bruno Bianco e o secretário Nacional de Justiça, Vicente Santini, entre outros.
O filho 01, senador Flávio Bolsonaro, também deu uma passada pelo gabinete do presidente, mas logo foi embora.
O que mais me chamou a atenção foi a presença dos comandantes militares numa reunião do presidente com ministros do Tribunal Superior Eleitoral. O que eles estavam fazendo lá?
A explicação oficial é que os militares tiveram uma reunião de rotina com o presidente, antes da agenda com os dois ministros, e foram convidados para ficar na sala. Com qual objetivo? Não é estranho isso?
Que mensagem Bolsonaro quis passar cercando-se de militares e advogados para a simples entrega protocolar de um convite?
Depois, assessores presidenciais informaram que os militares do Alto Comando das Forças Armadas se colocaram à disposição do TSE para que as eleições de 2022 transcorram em segurança. Ótimo saber, mas há por acaso alguma ameaça no ar de que isso possa não acontecer?
Como tudo nesse governo cívico-militar-familiar, o presidente sempre consegue criar um clima de mal estar e confusão, misturando autoridades de diferentes áreas numa mesma reunião.
No ano passado, apenas para receber o convite do comandante do Exército para assistir a uma operação militar nas proximidades de Brasília, o presidente promoveu um desfile de tanques enfumaçados da Marinha, em frente ao Palácio do Planalto, com os comandantes perfilados, bem às vésperas da votação de um projeto sobre o voto impresso, a sua grande obsessão naquele momento.
A presença do advogado-geral da União, Bruno Bianco, também deve ter constrangido o ministro Alexandre de Moraes, pois foi ele, segundo o próprio presidente, quem o aconselhou a não cumprir a ordem do STF para prestar depoimento à Polícia Federal, na semana passada, na investigação sobre o vazamento de um processo sigiloso usado pelo presidente para atacar a falta de segurança nas urnas eletrônicas do TSE.
É um emaranhado tão grande de desafios à Justiça e o não cumprimento de suas decisões que se torna cada vez mais conflituosa a relação do presidente com os ministros dos tribunais superiores, em pleno ano eleitoral, algo que os Bolsonaros procuram desde antes da posse, para atender às demandas do seu eleitorado mais radical. Nada acontece por acaso, tudo tem método.
Apesar dessa beligerância, o presidente disse aos ministros que é importante tornar "o diálogo mais habitual". Pois hoje se perdeu mais uma boa oportunidade para iniciar esse diálogo. Não houve diálogo nenhum, nem havia clima para isso, com o gabinete presidencial cheio de gente. .
Membros do governo se apressaram em dizer que o encontro foi "muito positivo", entendido como um "gesto de distencionamento" na relação com o tribunal. Fachin e Moraes nada declararam à saída.
Vida que segue.
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