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OPINIÃO

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Iguarias, Viagra, remédio para calvos: Ministério da Defesa vai às compras

Jair Bolsonaro e Braga Netto em reunião do conselho de governo: para os militares, nada faltará - Marcos Corrêa/PR
Jair Bolsonaro e Braga Netto em reunião do conselho de governo: para os militares, nada faltará Imagem: Marcos Corrêa/PR

Colunista do UOL

11/04/2022 20h02

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Sem nenhuma guerra à vista, nem problemas de orçamento, o Ministério da Defesa resolveu ir às compras.

Nos últimos dias, o deputado federal Elias Vaz (PSB/GO) revelou a aquisição de alguns produtos, digamos, inusitados, para abastecer as tropas.

PrImeiro, foi a compra de mais de um milhão de quilos de picanha, salmão e filé mignon de primeira, entre janeiro de 2021 e fevereiro deste ano. Os pregões chegavam a R$ 56 milhões.

Em seguida, apareceu a compra de 35 mil unidades de Viagra. Sim, aquele remedinho azul receitado para estimular a potência masculina.

Colunista do Globo, Bela Megale acrescentou à lista dois remédios menos famosos, Minoxidil e Finasterida, usados para combater a calvície.

Dias atrás, o jornal O Globo também informou a destinação de R$ 401 milhões do orçamento secreto pelo Ministério da Defesa para a construção de campos de futebol, quadras de esporte, passarelas e prédios para câmaras de vereadores, em redutos eleitorais indicados por 10 senadores aliados do governo.

Só o senador Davi Alcolumbre (União-AP) levou R$ 4,5 milhões para a construção de seis campos de futebol de grama sintética em bairros de Macapá.

Enquanto outros ministérios são obrigados a cortar verbas, e faltam recursos para escolas e hospitais, deve estar sobrando dinheiro nos quartéis.

E o chefe da Defesa, graças a uma portaria de Paulo Guedes, agora pode acumular o soldo de general com o salário de ministro, tornando-se o mais bem remunerado da Esplanada, com mais de 70 mil por mês (o teto do funcionalismo público federal é de R$ 39 mil, mas não vale para os generais do governo).

Até a semana passada, o ministro da Defesa era o general Walter Braga Neto, que deixou o cargo para viabilizar sua indicação como vice na chapa de Jair Bolsonaro à reeleição. Segundo explicação dada pelo Ministério da Defesa, o dinheiro para construção deses equipamentos esportivos se justifica, "pois proporcionará diversas opções de atividades esportivas e de lazer, servindo como alternativa para o fortalecimento dos valores de companheirismo, autocontrole, respeito às regras, autossuperação e controle".

O Brasil está vendo.

Vida que segue.