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Datafolha/rejeições: o antipetismo de 2018 virou o antibolsonarismo em 2022
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A nova rodada do Datafolha, que projeta uma vitória de Lula já no primeiro turno, com 54% dos votos válidos contra 30% de Bolsonaro, reforça uma tendência demonstrada desde a primeira pesquisa desta corrida eleitoral: ao contrário de 2018, quando a onda antipetista foi decisiva para a vitória do capitão, desta vez é o antibolsonarismo que ajuda a explicar a larga vantagem do ex-presidente nesta altura da campanha (48% a 27%, no primeiro turno, e 58% a 33%, no segundo).
Aos números: com 54%, Bolsonaro é o mais rejeitado entre os pré-candidatos, enquanto o índice de Lula fica em 33%, a média histórica do partido nas eleições anteriores.
Numa campanha tão polarizada, em que restaram, já em maio, apenas dois candidatos competitivos, mais do que os índices de intenção de votos são os de rejeição que podem definir o resultado.
Se, em 2018, o tema dominante na campanha foi a corrupção, no auge da falecida Lava Jato, agora a questão central é a derrocada da economia no governo Bolsonaro. Com inflação, desemprego e fome rondando os lares brasileiros, sem sinais de mudança nesse cenário, a tendência é aumentar ainda mais a "boca do jacaré", com a curva de Lula abrindo e a de Bolsonaro fechando.
Como faltam apenas quatro meses e uma semana para a abertura das urnas, é pouco factível que o governo possa dar um cavalo de pau na economia para inverter as curvas das pesquisas, como aconteceu com o Plano Real de Fernando Henrique Cardoso, nas eleições de 1994.
Em maio daquele ano, Lula também tinha mais de 40% nas pesquisas e FHC beirava a metade. Após o lançamento da nova moeda do real, em poucas semanas o tucano assumiu a liderança e lá ficou até vencer a eleição, já no primeiro turno, com larga vantagem sobre Lula.
O que mais deve preocupar o atual presidente são os índices registrados no contingente de eleitores que recebem o Auxílio Brasil, o novo nome do Bolsa Família, em que ele jogou todas as suas fichas para melhorar seu desempenho entre os mais pobres.
Entre os que recebem o benefício de R$ 400 por mês, Lula atinge 59%, enquanto Bolsonaro fica com apenas 20%.
Na nova pesquisa, Lula aumentou sua vantagem em praticamente todas as faixas etárias e de renda, gênero, religião, raça e regiões do país.
No Nordeste, chega a 62% contra 17% de Bolsonaro. Entre as mulheres, vence por 49% a 23%. Na faixa de 16 a 24 anos, abre vantagem de 58% a 21%. Com renda familiar de até dois mínimos, onde se encaixa mais da metade da população brasileira, o ex-presidente ganha por 56% a 20%. Está na frente entre pretos (57% a 23%), católicos (54% a 23%) e desempregados (57% a 16%).
Bolsonaro só aparece na frente entre os mais ricos, com renda acima de dez salários (42% a 31%) e entre empresários (56% a 23%). No eleitorado evangélico, foi registrado empate técnico, com o presidente ainda numericamente à frente (39% a 36%) dentro da margem de erro.
O antibolsonarismo se alastrou pelo país entre março e maio, período em que o presidente intensificou suas viagens pelo país, principalmente ao Nordeste, e investiu no confronto com o Supremo Tribunal Federal em torno das urnas eletrônicas, aprovadas por ampla maioria da população.
Outros números que explicam as dificuldades enfrentadas pelo presidente são os índices de aprovação e desaprovação do governo. Em abril de 19, Bolsonaro tinha 33% de ótimo/bom contra 32% de ruim/péssimo. Agora, chegou a 48% de ruim/péssimo contra 25% de ótimo bom.
Na reta final do primeiro mandato, Lula tinha 39% de ótimo/bom contra 22% de ruim/péssimo. Deixou o governo, no fim de 2010, com mais de 80% de aprovação no Datafolha.
É justamente nesta comparação entre os dois governos que a campanha do PT vai investir a partir de agora, para disputar o voto útil dos que estão indecisos e tentar decidir tudo no primeiro turno.
A Bolsonaro só resta radicalizar cada vez mais, para tentar ressuscitar o antipetismo e o "perigo comunista", o que até agora não deu certo.
Vida que segue.
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