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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que nos espera no dia 3 de outubro? A festa da democracia ou uma guerra?

 Novo Datafolha presidencial: Lula 45%, Bolsonaro 34% no primeiro turno. Se houver segundo turno, a guerra vai esquentar  -  O Antagonista
Novo Datafolha presidencial: Lula 45%, Bolsonaro 34% no primeiro turno. Se houver segundo turno, a guerra vai esquentar Imagem: O Antagonista

Colunista do UOL

10/09/2022 13h36

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Estamos numa encruzilhada. De acordo com as últimas pesquisas, a decisão no primeiro turno ou a disputa do segundo entre Lula e Bolsonaro, está dentro da margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos.

Lula tem 48% dos votos válidos no último Datafolha. Para liquidar a fatura, precisa de 50% mais um voto.

Se conseguir este objetivo, é certo que neste 3 de outubro teremos uma grande festa da democracia, a explosão de um carnaval fora de época, sem dia para acabar, depois de dois anos de pandemia, destruição e mortes, o grito parado no ar. O mundo inteiro vai respirar aliviado.

Será também um dia de libertação desse estorvo que assumiu o poder para se vingar na canga dos brasileiros dos fracassos da sua vida medíocre nos quartéis e no parlamento.

Por todas as suas últimas declarações, o presidente já deixou bem claro que não aceitará a derrota em nenhuma hipótese. "Bolsonaro só perde se houver fraude na eleição", não se cansam de repetir seus devotos das milícias digitais.

Bolsonaro sempre foi um homem triste, que se compraz com a tristeza dos outros, e precisa estar permanentemente em combate contra inimigos reais ou imaginários.

Se perder já no primeiro turno, suprema humilhação, não lhe restará outra saída a não ser pegar o boné e voltar para a Barra da Tijuca.

Mas, se tivermos segundo turno, ele já avisou que vai partir para a guerra do "tudo ou nada", do "bem contra o mal", seja para ganhar no voto, no grito ou na bala, provocando o caos que ele persegue desde seu primeiro dia de governo, ao liberar armas e munições sem limite para todos.

"Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal. O mal que perdurou por 14 anos em nosso país, que quase quebrou a nossa pátria e que agora deseja voltar à cena do crime. Não voltarão".

É com esse palavreado de quinta série que ele pretende assustar o eleitorado e mobilizar seus devotos armados, que gritam em coro várias vezes: "Imbrochável!".

Deu demonstração disso ainda esta semana, ao transformar o 7 de Setembro do Bicentenário da Independência numa micareta patriótica, um grande comício cívico-militar financiado com recursos públicos.

No ocaso do seu mandato, já raspou os combalidos cofres de Paulo Guedes para comprar eleitores, que ainda não lhe deram, no entanto, o retorno esperado em intenções de votos nas pesquisas. Povo ingrato, ele deve pensar, confiando na falta de consciência política da população mais pobre.

Restou-lhe apelar para o que de melhor sabe fazer: desfraldar as bandeiras puídas do anticomunismo e do antipetismo; chamar o adversário de "ladrão", inundando as redes sociais de fake news, mentindo descaradamente em todos os discursos sobre as conquistas do seu governo, e acenando com o perigo que representa a volta de Lula para as famílias cristãs e "as pessoas de bem".

Rejeitado por 51% dos eleitores, que não votariam nele de jeito nenhum, sem conseguir melhorar os baixos índices de aprovação do seu governo, Bolsonaro parece uma biruta de aeroporto, completamente desnorteado, incapaz de formar duas frases com sentido sem dizer um palavrão.

De palanque em palanque, de motociata em motociata, de culto em culto, faz tempo que deixou de governar o país para se dedicar unicamente à campanha pela reeleição, que transformou numa questão de vida ou morte, preocupado com o que pode acontecer com ele e a família depois de perder o foro privilegiado.

O medo de perder a eleição acaba se confundindo com o medo de ser preso ao final dos muitos processos a que terá de responder na Justiça comum.

Não lhe sobra tempo para discutir e montar um programa de governo, por mínimo que seja, para justificar sua permanência por mais quatro anos no poder.

Enquanto Lula prega pela "paz, amor e união" na costura de uma ampla frente para promover a reconstrução nacional, o capitão dedica todo seu tempo a juntar munição para atacar o petista. Já que não consegue baixar seus próprios índices de rejeição, ele quer aumentar a de Lula. Até agora, não deu certo, o que faz prever uma radicalização cada vez maior na campanha de Bolsonaro.

Posso estar enganado, mas acho que esse clima de beligerância permanente não interessa à maioria do eleitorado, fora da bolha bolsonarista. É uma cartada de alto alto risco, que pode carrear o "voto útil" majoritariamente para Lula, como indicam todas as pesquisas, levando a eleição a ser decidida já no primeiro turno, o que hoje não é provável, mas possível.

No próximo dia 2 de outubro, não se trata de optar apenas por um ou outro candidato, mas de escolher em que Brasil queremos viver a partir do dia 3.

Em festa ou em guerra? Você decide.

Vida que segue.

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