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OPINIÃO

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Atos golpistas já duram 20 dias e agora tocam o terror em Mato Grosso

19.nov.2022 - A concessionária que administra a BR-163 entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, foi atacada em meio a novas paralisações em atos golpistas nas rodovias federais - Reprodução
19.nov.2022 - A concessionária que administra a BR-163 entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, foi atacada em meio a novas paralisações em atos golpistas nas rodovias federais Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

20/11/2022 12h57

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O país completa neste domingo 20 dias de baderna generalizada, com bloqueios nas estradas e manifestações golpistas em volta de quarteis nos centros urbanos de todo o país. Sem presidente, depois que Bolsonaro abdicou das suas funções após a derrota e está recluso no Alvorada, cada um faz o que quer e os sediciosos avançam livremente, pedindo intervenção militar para impedir a posse de Lula. Desconfio que o capitão deve até estar achando bom.

Não é o caos social que ele previa, mas pelo menos serve para manter mobilizada sua base de fanáticos fundamentalistas.

Diante da inércia do governo federal, o auge da escalada da violência aconteceu na noite deste sábado, quando foi registrado o primeiro atentado terrorista em Mato Grosso, o epicentro dos sediciosos bolsonaristas, onde ainda havia 11 bloqueios nas estradas na manhã de domingo.

Dez homens encapuzados e fortemente armados até o nariz, chegaram atirando no posto de pedágio localizado na BR-163, entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, e tocaram fogo na base, numa ambulância e no caminhão-guincho da Polícia Rodoviária Federal (ver matéria completa aqui no UOL).

Até o momento em que escrevo, nenhuma autoridade do governo federal se manifestou sobre o atentado. Não há notícia de prisões nem de vítimas.

Responsável pela segurança nas estradas, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, resolveu sair de férias esta semana, depois que o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pediu seu afastamento por 90 dias para ser investigado por um conjunto de irregularidades administrativas desde o dia da eleição.

Já o procurador-geral da República, Augusto Aras, esperou estes 20 dias para convocar uma reunião de emergência no gabinete de crise do MPF, em Brasília, às 10 horas da manhã de segunda-feira, "para tratar do avanço dos movimentos golpistas pelo Brasil."

Só agora, Aras descobriu que aumentou a quantidade de manifestantes e de organizadores de atos que contestam o resultado das urnas. Segundo interlocutores de Aras, informa a Folha, "a presença desses manifestantes está não apenas aumentando, mas também a postura deles tem sido mais enfática".

"Mais enfática" é ótimo... Os golpistas desafiam o Estado democrático de Direito, insurgem-se contra a Justiça Eleitoral, querem impedir a posse do presidente eleito e isso é tudo o que ele tem a dizer? O que ele diria agora, depois do atentado terrorista no posto de pedágio em Mato Grosso? Ou isso agora tem outro nome?

De terrorismo, o chefe de todos eles entende muito bem, pois foi preso, processado e ejetado do Exército por planejar jogar bombas nos quartéis e no sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro quando ainda era tenente.

O cenário de desmantelo institucional só não é mais grave graças à atuação firme do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, que desde o primeiro momento deu ordens para a desobstrução das estradas e da frente dos quarteis, mas os órgãos de controle do governo até agora se fizeram de desentendidos, assim como os chefes militares.

Estamos na esdrúxula situação em que temos dois presidentes, e não temos nenhum. Um, o que está de saída, encerrou seu mandato antes da hora, e a tudo assiste sem se manifestar. Deve estar gostando da balburdia. O outro, nada pode fazer porque ainda não tomou posse.

Não por acaso, o atentado ocorreu na região de Sorriso (MT), onde vivem 24 dos 43 empresários do agronegócio suspeitos de financiar os atos golpistas que tiveram suas contas bloqueadas por ordem do STF, e que também doaram R$ 1,3 milhão para a campanha de Bolsonaro à reeleição.

Não deve ser tão difícil localizar os criminosos que atacaram o posto de pedágio. Como ali se costuma mexer com muito dinheiro, certamente havia várias câmeras de segurança para registrar o movimento. Sempre atenta, a PRF investiga agora se há relação entre as doações, os bloqueios e o atentado. Não seria uma surpresa.

Em vez de reforçar a segurança do posto de pedágio da cidade de Sorriso, próximo ao local do atentado, os funcionários acharam melhor fugir dali e agora ninguém paga mais as tarifas.

O velho oeste caboclo virou terra de ninguém. Mas o agro é pop.

Até a posse do novo presidente, a 1º de janeiro de 2023, teremos ainda pela frente longos 40 dias que prometem fortes emoções.

Vida que segue.