Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Nem todos bolsonaristas são idiotas, mas todos idiotas são bolsonaristas
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Quem melhor retratou o crescimento do número de idiotas no mundo foi o genial Nelson Rodrigues, um estudioso do assunto, meio século atrás.
Nelson baseou suas pesquisas no idiota brasileiro, mas seu diagnóstico vale para estes tipos no mundo inteiro, pois em todo lugar os encontramos.
Na crônica "Os idiotas sem modéstia", de 1968 (1968!, não por acaso, o ano do AI-5, o golpe dentro do golpe dos militares), que está no livro o "O Óbvio Ululante", ele explica:
"Os idiotas perderam a modéstia, a humildade de vários milênios. Eles estão por toda parte. São os que mais berram. O sujeito que passa numa esquina, numa retreta ou num velório é logo cercado de idiotas. As casacas são usadas pelos idiotas; as condecorações pingam dos idiotas. E, de mais a mais, são numericamente esmagadores. Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos."
Fico pensando no que Nelson Rodrigues escreveria se tivesse conhecido as milícias digitais do bolsonarismo que infestam o país, mesmo depois da fuga do seu líder. Basta ver a cara e a ficha corrida dos que foram presos durante e após o "putsch" a Brasília. Não tem erro.
O surto mais recente, acreditem!, foi provocado pela ajuda humanitária de emergência prestada pelo governo federal aos povos yanomamis, da qual faz parte o Exército.
Ao ver as fotos dos militares levando mantimentos e remédios aos indígenas, que estavam morrendo de fome, vítimas do genocídio praticado durante os quatro anos do desgoverno do capitão fugitivo, eles não se aguentaram, e partiram para o ataque ao Exército brasileiro. Sim, o mesmo que até outro dia era chamado na porta dos quartéis para dar um golpe na democracia.
"Serviços de ONGs? E a pátria Amada nada né? Quero vê quando virar Venezuela e não ter nada para entregar", diz uma das mais de mil mensagens publicadas no Twitter sobre o trabalho dos militares, a maioria delas criticando as Forças Armadas.
Quem me chamou a atenção para essa insanidade foi o colega Carlos Madeiro, brilhante repórter que escreve de Maceió (ver matéria aqui no UOL).
Há muito tempo, a questão com os bolsonaristas-raiz, como gostam de ser chamados, deixou de ser ideológica ou política, para se tornar uma questão de saúde pública, um fenômeno para ser estudado por psiquiatras e resolvido pela Justiça, que já começou a tirar de circulação alguns desses espécimes exóticos, após o assalto terrorista ao coração dos poderes em Brasília no dia 8 de janeiro.
Aquele foi o grande momento da vida desses idiotas rodriguianos, grandes arautos do "patriotismo" de fancaria, figuras ressentidas e frustradas, que nunca deram certo em nada na vida e agora querem arrastar todo mundo para o esgoto do caos golpista, estimulado por um egresso das mesmas Forças Armadas que tanto bajularam e agora atacam.
São capazes de ironizar a fome e a morte de centenas de crianças yanomamis nos últimos anos, em mensagens bem ao estilo semianalfabeto e cafajeste do seu santo mito salvador da pátria:
"Além de capinar mato, pintar meio feio, são promocionais do ifood para distribuir cesta básica, pintar meio fio e roçar capim, meus parabéns. Quando voces terminarem, voltem a pintar o meio foi".:
Outro escreveu: "Ajudem mesmo esse povo sofrido que veio fugido da Venezuela, pois poderiam ser Brasileiros e não estamos longe disso. Yanomamis Venezuelanos pra deixar bem claro".!!!".
O profeta escreveu em 1968: "Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos", como podemos ver nas imagens apocalípticas do vandalismo furioso nos palácios em Brasília, que estão rodando o mundo, junto com as fotografias das crianças morrendo literalmente da fome do abandono.
Foi isto que restou dos tempos em que os idiotas bolsonaristas assumiram o poder, apoiados por setores das Forças Armadas, que tinham sumido da Amazônia, entregue ao crime organizado, e agora estão voltando no governo do presidente Lula para cumprir sua missão constitucional: proteger as fronteiras, a floresta e seus povos originários.
Não há mal que nunca acabe.
Vida que segue.
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