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Empate técnico em ações na Justiça: Donald Trump 34 X Jair Bolsonaro 33
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Jair Bolsonaro queria tanto ser como seu êmulo Donald Trump que quase conseguiu.
Falta só um processo na Justiça contra o brasileiro, que tem 33 em andamento, para se igualar ao americano, com 34.
Os crimes de que são acusados formam uma capivara bem variada, mas quase todos têm um traço em comum: a trapaça, a arte de mentir para enganar os outros e levar vantagem em tudo. Eles são ameaças ambulantes à democracia de seus países.
Para contestar o resultado das últimas eleições que perderam, a tropa de um invadiu e depredou o Capitólio, em Washington; e a de outro promoveu a invasão de Brasília, com ataques terroristas aos três poderes.
A relação completa das ações movidas na Justiça contra os dois está no noticiário de hoje (no caso de Bolsonaro, ver a coluna de Reinaldo Azevedo).
Com origens e trajetórias de vida tão diferentes, Donald e Jair chegaram ao poder como candidatos antissistema, contra tudo e contra todos, e em seus mandatos arrostaram as instituições nacionais para se manter no cargo.
Autoritários, negacionistas, xenófobos, reacionários, machistas, são ferrenhos defensores da família e do casamento (de preferência, vários), falam muito em Deus acima de tudo e se dizem grandes patriotas, dispostos a morrer em combate, embora prefiram mesmo sombra e água fresca, de preferência perto do mar, sempre cercados por seguranças e ajudantes de ordens. Não botam a mão numa maçaneta.
Ambos viveram fortes emoções esta semana, às voltas com seus problemas na Justiça.
Mal retornou ao país, depois de três meses de férias nos Estados Unidos, onde se cansou de não fazer nada, Jair já teve que se apresentar hoje à Polícia Federal para explicar o mistério da multiplicação de joias com ouros e diamantes que ganhou dos xeiques das Arábias, não declarou na alfândega e devolveu a prestação, depois de ser denunciado pela imprensa e cobrado pelo TCU.
Entre outras questões, os investigadores queriam saber por qual motivo o ex-capitão Jair foi aquinhoado com presentes tão caros, avaliados em quase R$ 20 milhões (4 milhões de dólares!), tantos agrados como nem o poderoso Donald tinha recebido. Foi tudo em troca de quê? Só por simpatia e amizade?
Um dia antes, por coincidência, Trump apresentou-se à Justiça em Nova York para ser declarado réu, o primeiro ex-presidente americano contemplado com esse título, num caso antigo, que envolve suborno de uma atriz pornô, um porteiro e uma modelo, para não contarem seus podres durante a campanha eleitoral de 2016. É curioso: perto do tesouro árabe oferecido ao brasileiro, os valores envolvidos nas trapaças do bilionário Trump são dinheiro de pinga.
Fico imaginando os dois trocando figurinhas num fim de tarde sobre como escapar da Justiça para voltar em triunfo à presidência de seus países. Mas, para sua tristeza, embora estivesse descansando ali perto da célebre mansão de Mar-a-Lago, na Flórida, Jair não foi convidado nem para tomar uma Coca-Cola com o seu ídolo americano. É dura a vida de ex.
Vida que segue.
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