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OPINIÃO

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Fluminense poderia cobrar couvert artístico para ver time de Fernando Diniz

Fernando Diniz, técnico do Fluminense, durante a partida contra o Athletico: um novo jeito de jogar futebol - Thiago Ribeiro/AGIF
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, durante a partida contra o Athletico: um novo jeito de jogar futebol Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL

22/04/2023 18h11

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Para quem gosta de ver futebol, o Fluminense é um prato cheio. Em qualquer jogo, ganhando ou perdendo, essa afinada orquestra ensaiada por Fernando Diniz dá espetáculo, tocando a bola de pé em pé, da defesa ao ataque, simplesmente sem deixar o adversário jogar. Deveriam cobrar couvert artístico.

Coitado do Athletico Paranaense, um bom time, que entrou na roda e não viu a cor da bola na tarde deste sábado, no palco do Maracanã lotado. Os números não mentem: no primeiro tempo, o Fluminense chegou a ter 90% de posse de bola e fez 10 finalizações contra nenhuma do time do Paraná, que escapou de levar uma goleada.

Sob a batuta do primeiro violino Paulo Henrique Ganso, o legítimo camisa 10 que tanta falta fez ao Brasil nas últimas Copas do Mundo, o time evoluía em campo como uma escola de samba dançando ao som da arquibancada.

Perto do burocrático futebol de resultados do Palmeiras de Abel Ferreira, outro candidato ao título do Brasileirão, o Fluminense joga outro esporte, mais parecido com a das melhores equipes da Champions League europeia. Pode até não levantar a taça, mas mesmo assim merece todos os aplausos de quem ama futebol.

O que mais me impressiona nesse time de Diniz é a extrema confiança dos jogadores no esquema tático proposto e ensaiado pelo técnico, que já não precisa ficar se esgoelando na beira do campo, e agora pode se dar ao luxo de se deleitar com a perfeita execução das suas partituras.

Técnico e jogadores se entendem só no olhar. Nunca rifam a bola, não dão chutão nem ponta pé. O Fluminense de Diniz faz lembrar o velho Barcelona de Pepe Gardiola, quando reinventaram o jeito de jogar futebol, com e sem bola, encantando até as torcidas adversárias.

Na metade do segundo tempo, o futebol do time das Laranjeiras era tão superior ao do Athletico que já comecei a escrever esta matéria, sem medo de errar. Se não bastasse o conjunto da obra, o zagueiro Nino ainda fez um gol de placa, subindo um metro acima dos adversários na entrada da área, para colocar a bola na forquilha entre a trave e o travessão com a força de um chute.

Não consigo entender como a CBF ainda insiste em contratar um técnico estrangeiro para a seleção brasileira. Que Ancelotti, que nada, agora chegou a vez deste estudioso do futebol e da alma humana, polêmico e ousado, que pode reconciliar a torcida com a sua seleção, depois dos melancólicos anos Tite, com seu futebol de resultados sem resultados.

Vida que segue.