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Balaio do Kotscho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Venceu a democracia: o Brasil fica livre de Bolsonaro pelo menos até 2030

Ministra Cármen Lúcia, do TSE, dá o quarto voto pela inegibildiade de Bolsonaro, formando a maioria: fim de linha para um aventureiro que ameaçou a democracia e foi por ela derrotado - Alejandro Zambrana/TSE
Ministra Cármen Lúcia, do TSE, dá o quarto voto pela inegibildiade de Bolsonaro, formando a maioria: fim de linha para um aventureiro que ameaçou a democracia e foi por ela derrotado Imagem: Alejandro Zambrana/TSE

Colunista do UOL

30/06/2023 18h49

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Acabou o "chiqueirinho".

Não haverá mais "motociatas".

Nunca mais terá um "gabinete do ódio" no Palácio do Planalto.

A agenda presidencial será novamente presidencial, sem espaço para passeios a templos, estádios, padarias e quartéis em horários de trabalho.

Os yanomamis não morrerão mais de fome e envenenados por mercúrio.

O Estado volta a ocupar a Amazônia com políticas sociais e ambientais e combate ao crime organizado.

Cessam os ataques diários ao Judiciário e ao processo eleitoral.

O Brasil não será mais um país pária que assustava o mundo civilizado.

Políticas públicas para saúde, educação, meio ambiente e moradia voltam a ser prioridades do governo.

A política econômica será voltada para a melhoria das condições de vida da população mais carente, com emprego e renda.

A população voltará a ser ouvida nos conselhos populares setoriais e no orçamento participativo.

Deixamos de ser governados por tuítes de fake news das milicias digitais e dos discursos oficiais.

Poderemos ter novamente orgulho, e não passar vergonha, nas representações do Brasil nos fóruns internacionais.

Em resumo: com a retirada da urna eletrônica do nome do ex-presidente condenado pelo TSE à inegibilidade, pelo menos até 2030, porque muitos outros julgamentos ainda o aguardam, a democracia venceu todos os desafios no seu mais duro teste desde a redemocratização do país.

Foi um pesadelo que parecia não ter mais fim, mas não há mal que nunca acabe. A firme atuação do Judiciário, tendo à frente o ministro Alexandre de Moraes, garantiu a sobrevida das instituições democráticas e do Estado de Direito.

Resta ao ex-presidente e seu bando estrebuchar contra a decisão da Justiça por 5 a 2, no Tribunal Superior Eleitoral, pelo abuso de poder político e o uso indevido dos meios de comunicação nas eleições, resultado que lembrou o mesmo placar na primeira conquista de uma Copa do Mundo pelo Brasil, em 1958, na Suécia, com Pelé e Garrincha fazendo a festa e JK construindo Brasília para acabar com nosso complexo de vira-lata.

Foi grande a sensação de alívio ao final do julgamento, recuperando a nossa combalida autoestima, depois desses anos de desconstrução nacional. Essa vitória da Justiça fez bem à alma, renovou as esperanças em dias melhores num país mais justo e solidário.

Esse 30 de junho de 2023 deverá ficar guardado na nossa memoria como o dia em que o Brasil voltou a ser um país normal, após o acidente de percurso dos últimos quatro anos. Anunciado o quarto voto pela condenação, dado pela ministra Carmen Lúcia, formando a maioria, não vi nem ouvi grandes comemorações. Com a calmaria institucional, parecia que a gente estava na Suíça.

Foi melhor assim, para evitar novos confrontos de uma polarização política que aos poucos vai arrefecendo. Vamos virar essa página, trocar o disco, olhar para a frente, sem esquecer das barbaridades cometidas por Bolsonaro contra o povo brasileiro, uma penca de crimes que precisam ser punidos, sem anistia. Hoje, foi só o começo.

Vida que segue.