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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Novo AGU de Lula quer deixar de ser 'Bessias de Dilma' e fazer voo solo

22/12/2022 14h28

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Escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo AGU (Advogado-Geral da União), Jorge Rodrigo Araújo Messias tem como desafio deixar de ser o nacionalmente conhecido "Bessias" para se consolidar na área jurídica.

Fontes do PT não descartam que um bom desempenho no cargo pode transformar Messias em opção de Lula para uma das vagas no STF (Supremo Tribunal Federal) que serão abertas no próximo governo. Na Suprema corte atualmente, três ministros já passaram pelo comando da AGU: Gilmar Mendes (indicado por Fernando Henrique Cardoso), Dias Toffoli (por Lula) e André Mendonça (por Jair Bolsonaro).

Apesar disso, aliados que convivem com Messias dizem que ele não demonstra essa ambição atualmente. O futuro ministro tem afirmado que seu desafio será trabalhar para fortalecer o papel da AGU como um órgão de estado e não como uma espécie de advogado pessoal do presidente da República.

Formado em direito pela Faculdade de Direito do Recife, e mestre e doutorando pela UNB (Universidade de Brasília), Messias é procurador da Fazenda Nacional, ou seja, já é membro de carreira da AGU.

Mesmo sendo um órgão de Estado, e não de governo, o AGU tem status de ministro e é escolhido pelo presidente da República. Entre as exigências do cargo estão apenas que o indicado tenha mais de 35 anos, notável saber jurídico e reputação ilibada.

'Apelido' incomoda

Messias admite a aliados que se incomoda com o estigma criado em torno do episódio e afirma que, na ocasião, era apenas um auxiliar da presidente Dilma Rousseff cumprindo sua função.

Após o episódio em 2016, Messias continuou trabalhando com o PT e, nos últimos quatro anos, foi assistente parlamentar do senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos homens de maior confiança de Lula.

À coluna, Jaques Wagner elogiou a escolha do auxiliar e afirmou que Messias é um "excelente técnico com visão política e sustentável dos fatos". "Ele vem acompanhando os trabalhos do Congresso Nacional e do PT com muita competência e sensibilidade", disse.

Interceptação de Moro expôs auxiliar de Dilma

Em 2016, o então sub-chefe de Assuntos Jurídicos do Palácio do Planalto, foi identificado nas interceptações telefônicas autorizadas pelo juiz Sergio Moro como "bessias".

"Seguinte, eu tô mandando o 'Bessias' junto com o papel pra gente ter ele e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?", disse Dilma a Lula, num dia antes da posse de Lula como ministro da Casa Civil. A nomeação de Lula acabou não acontecendo por decisão do ministro do STF, Gilmar Mendes.