Exército tenta se afastar de suspeita financeira de Cid revelada pelo Coaf
O tenente-coronel Mauro Cid ainda não foi julgado e está longe de receber qualquer punição do Exército, mas a revelação de que o Coaf apontou movimentações atípicas nas contas do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) incomodou a cúpula da Força.
Militares ouvidos pela coluna, porém, tentam afastar o caso da caserna e reafirmam que Cid — que está preso no Batalhão do Exército desde maio — ainda cumpre medida cautelar e tem o direito a ampla defesa.
A respeito da movimentação financeira de R$ 3,2 milhões em apenas sete meses a ordem é manter o silêncio e aguardar as explicações do militar. Até porque, de acordo com generais, o Exército não dispõe das informações sigilosas de movimentação de Cid.
A avaliação feita de forma reservada pelos militares é que Cid pode eventualmente conseguir justificar as movimentações com transações de imóveis, por exemplo.
Apesar disso, há quem admita que o caso complica ainda mais a vida do ex-assessor de Bolsonaro, que continua desgastando a imagem da Força.
A defesa de Cid negou haver ilegalidade nas transações financeiras e diz que as operações financeiras do tenente-coronel são lícitas e que já foram esclarecidas para a Polícia Federal.
Fontes do Exército também afirmam que não é o momento de comentar o envolvimento do sargento Luis Marcos dos Reis, que — como mostra o relatório do Coaf — depositou pouco mais de R$ 70 mil para Cid.
Assim como Cid, o sargento foi preso por suspeita de envolvimento na falsificação nos certificados de vacinação de Bolsonaro, em operação realizada pela Polícia Federal em maio deste ano.
Explicação da farda
A assessoria jurídica do Exército já respondeu ao Ministério Público Militar a respeito da decisão do procurador-geral de Justiça Militar, Clauro Roberto de Bortolli, que atendeu à representação assinada pela deputada Luciene Cavalcante (PSOL-SP) para que a força explicasse o fato de Cid ter ido depor à CPI fardado.
Segundo apurou a coluna, na resposta, o Exército nega que tenha ocorrido alguma orientação e reitera o conteúdo da nota divulgada na ocasião.
No dia do depoimento, o Exército afirmou que Cid usou a farda porque foi convocado "para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força".
Integrantes da cúpula do Exército disseram ao UOL que, na ocasião, não se tratou de apoio da Força ao ex-ajudante de ordens do ex-presidente, mas de uma defesa da atividade militar do tenente-coronel.
A justificativa dada pelo Exército é de que convocados a prestar depoimentos à CPMI ou a outros órgãos semelhantes, em função da natureza militar do cargo desempenhado, "comparecem devidamente uniformizados, da mesma forma como participam dos atos realizados no âmbito do Poder Judiciário".
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