Carla Araújo

Carla Araújo

Reportagem

Bolsonaro dispensa Wassef e reúne defesa em preparação para depoimento à PF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se prepara com 48 horas de antecedência para o depoimento à PF na quinta-feira (31). Ele vai explicar sobre as joias e presentes recebidos enquanto ele comandava o país.

Assessores mais próximos e advogados viajaram hoje a Brasília e passaram o dia na sala do ex-presidente na sede do PL na capital federal.

Advogado da família Bolsonaro em várias investigações, Frederick Wassef não foi chamado. Ele também vai prestar depoimento à PF por ter recomprado um Rolex que auxiliares do ex-presidente haviam vendido durante viagem aos Estados Unidos no começo do ano.

Ele disse que usou dinheiro próprio e que a intenção era devolver o item à União. À época, Wassef negou dar detalhes sobre para quem ele entregou o Rolex: "Não vou falar, não posso falar. Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro, e não foi o coronel Cid".

No último dia 16, a PF apreendeu quatro aparelhos celulares do advogado. Ele estava em um restaurante no shopping Morumbi, em São Paulo, quando foi abordado pelos policiais.

A ausência de Wassef na reunião ocorre depois de rumores de que ele tenha tentado gravar integrantes da família —situação refutada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que ressaltou sua inteira confiança na lealdade do aliado.

Depoimentos simultâneos e reencontro com Cid

A lista de depoentes da quinta-feira tem oito nomes: Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, Frederick Wassef, Fábio Wajngarten, o tenente Osmar Crivellati, o coronel Marcelo Câmara e o general Mauro Lourena Cid (pai do ex-ajudante de Bolsonaro).

Na preparação de Bolsonaro, chama a atenção a presença do ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten, que também vai depor.

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Os depoimentos foram marcados para a mesma hora justamente para evitar a combinação de versões.

À coluna, Wajngarten negou que as conversas com o ex-presidente hoje tenham sido sobre o depoimento. Segundo o auxiliar de Bolsonaro, os encontros de hoje foram para tratar sobre mídia e imprensa.

A oitiva do próximo dia 31 vai marcar também o reencontro de Bolsonaro com o ex-auxiliar, já que Mauro Cid está preso desde maio.

Cid já trocou de advogado duas vezes durante as investigações e no entorno de Bolsonaro cresce a percepção de que os dois já estão rompidos e de que há chance sim de o ex-ajudante acusar Bolsonaro de dar ordem para os supostos crimes.

A Polícia Federal quer saber de quem partiu a ideia de vender joias e relógios recebidos do governo da Arábia Saudita, quem foram os compradores dos produtos e como se deu o processo de recompra.

Ainda faltam presentes a serem devolvidos, como um relógio de luxo Patek Philippe.

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Este é o quinto depoimento que o ex-presidente presta à PF, em diferentes investigações.

Recompra de Rolex nos EUA

A PF constatou que o relógio, integrante de um kit de joias sauditas recebidas por Bolsonaro em uma viagem oficial em 2019, foi vendido nos Estados Unidos e recomprado por um preço mais alto após o TCU (Tribunal de Contas da União) ordenar a devolução dos presentes que o ex-presidente ganhou.

Segundo a PF, Wassef entrou no esquema de recompra de bens, como relógios, para devolvê-los, após a determinação do TCU sobre as joias dadas a Bolsonaro. Já o pai de Cid teria auxiliado na venda desses itens e emprestado sua conta bancária no exterior para recebimento dos valores dessas transações.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do que informava a coluna, Mauro Cid trocou de advogado duas vezes, e não três. O texto foi corrigido.

Reportagem

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