Tarcísio vai a Brasília falar com Bolsonaro sobre Nunes e sucessão de Lira
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), viajou para Brasília nesta quarta-feira (4) para um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O foco da conversa, segundo apurou a coluna, foi falar sobre a eleição para a Prefeitura de São Paulo e o apoio de ambos para a reeleição de Ricardo Nunes (MDB).
Tarcísio foi o destaque da propaganda eleitoral de Nunes hoje e usou sua participação para atacar o candidato Pablo Marçal (PRTB), que tem crescido na disputa e tenta captar os votos dos eleitores de Bolsonaro.
O governador Tarcísio tenta convencer Bolsonaro a embarcar de forma mais firme na campanha de Nunes, mas o ex-presidente tem dado um apoio considerado mais discreto. Até o momento, por exemplo, não gravou vídeos específicos para a campanha de Nunes. Nos primeiros programas, Nunes usou a imagem de Bolsonaro por quatro segundos.
O apelo de Tarcísio se dá em meio à onda crescente de Marçal, que tem aparecido na liderança das intenções de voto, tecnicamente empatado com Nunes e com Guilherme Boulos (PSOL).
Tarcísio teve um encontro com Marçal fora da agenda, em que o ex-coach levou bandeira branca —se o governador parasse de atacá-lo, também o tiraria do alvo em seus discursos ditos antipolítica e antissistema, mas o governador ficou em silêncio sobre a proposta.
Conforme mostrou a coluna, nos bastidores, Bolsonaro demonstra um certo descontentamento com os rumos da campanha do prefeito de São Paulo e, de forma reservada, já até admite que acredita numa vitória da Pablo Marçal (PRTB).
O ex-presidente já teria dito a aliados que acredita que o apoio de Tarcísio a Nunes pode prejudicar a imagem do governador.
Sucessão da Câmara coloca PL no divã
Tarcísio tem evitado se envolver publicamente na sucessão da presidência da Câmara, mas com a desistência de Marcos Pereira, presidente do Republicanos, e a indicação do nome de Hugo Motta, líder do partido, para a sucessão de Lira, membros do centrão acreditam que o governador pode ter um papel importante para ajudar a diminuir resistências da oposição ao nome de Motta.
A reviravolta com a indicação de Hugo Motta colocou o PL no divã. Bolsonaro se encontrou com o deputado nesta quarta-feira em reunião articulada pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro do ex-presidente e simpatiza com o pré-candidato.
Os deputados do PL estão divididos sobre Motta. Parte admite votar nele por considerar um nome com bom trânsito. Outros consideram um nome muito ligado ao Planalto.
Mas o dilema do PL é ainda mais complicado. A possibilidade de ele concorrer como favorito e contando com apoio do PT é bastante palpável no alinhamento atual de forças. Uma reunião com parte da bancada debateu o que fazer caso o cenário se confirme.
O PL precisará decidir se aceita fazer parte de um blocão que inclua o maior adversário. Negar o acordo significa sério risco de derrota, ficar sem cargos na Mesa Diretora e não comandar as principais comissões da Câmara.
O dilema levantou uma série de questionamentos. O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) acena com uma candidatura para representar a direita conservadora. O PL teria nele um caminho para se manter fiel ao campo político que representa.
Medir a reação da militância raiz a uma composição com o PT será crucial para saber se estar com Van Hattem é a alternativa mais adequada. Pior que perder a eleição da presidência é perder votos e a legitimidade frente ao eleitor.
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Quero receberTambém será colocado na mesa o quanto valeu ter firmado acordo com Lira na última eleição. Há parlamentares reclamando que pautas caras ao bolsonarismo não foram a plenário. A anistia aos presos de 8 de Janeiro, a PEC das Drogas e um projeto sobre vacina foram citados à reportagem.
Por enquanto, há muita conversa e pouca definição.
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