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PSB rompe com Lira, desiste de coligação e lança nome ao Senado em Alagoas
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Depois de apalavrado com o bloco político do deputado federal Arthur Lira (PP) em Alagoas, o PSB decidiu em cima da hora não se coligar com o candidato ao governo da chapa, Rodrigo Cunha (União Brasil).
Além disso, lançou um nome ao Senado para concorrer contra o candidato do PP ao mesmo cargo, o que foi visto como um "recado" ao grupo.
A decisão foi tomada em convenção, no último sábado, que formalizou a neutralidade do PSB em relação à disputa ao governo estadual e escolheu o Major Diego para concorrer ao Senado.
O lançamento do militar feriu o acordo de ter apenas um nome contra o MDB nas eleições de outubro. A ideia era que as forças de oposição se unisse em torno do deputado estadual Davi Davino Filho (PP) para disputar a única cadeira de Alagoas contra o ex-governador Renan Filho (MDB).
A proposta de candidato único também incluía outro grupo político, o do senador Fernando Collor (PTB), que é candidato ao governo com apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) e não lançará nome ao Senado para apoiar —mesmo que talvez sem declarar oficialmente— Davino.
Desavença com pai de prefeito
A coluna apurou que a desavença que gerou o rompimento não teve a ver diretamente com o PSB, mas com o ex-deputado federal João Caldas, pai do prefeito de Maceió e presidente do PSB no estado, João Henrique Caldas, o JHC.
A história é longa. João Caldas se filiou ao União Brasil recentemente para concorrer a deputado federal neste ano. Ele via na sigla uma oportunidade maior de conseguir uma das nove vagas do estado. O acordo com o União Brasil para Caldas ser candidato incluía o apoio formal do PSB a Cunha e a Davino.
Entretanto, o PSB nacional não gostou de saber que, na costura local, o PSB abria mão de indicar qualquer nome ao governo ou ao Senado. Também não montaria chapa para deputado federal.
Nos bastidores, houve pressão do senador Renan Calheiros (MDB) pelo apoio do PSB nacional a seu candidato ao governo —o governador Paulo Dantas, do MDB. Ele inclusive teria oferecido uma composição na chapa majoritária.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, cobrou JHC pela elaboração de uma chapa competitiva para garantir ao menos um nome do partido na Câmara a partir de 2023.
Sem um outro nome forte, João Caldas desistiu de sua candidatura para abrir caminho para que seu outro filho, o médico João Antônio, passasse de candidato a deputado estadual para federal em nome da família.
João Caldas procurou então o União Brasil para dizer que queria ser suplente de Davino ou candidato a deputado estadual. Mas, segundo a coluna apurou, o partido não aprovou a proposta porque a primeira suplência já estava acertada com o PSDB.
Já a entrada como deputado estadual nem chegou a ser discutida, porque só poderia ser feita em comum acordo com todos os candidatos do partido.
Em Alagoas, o União Brasil é comandado por um aliado de Arthur Lira. O presidente do diretório no estado é Luciano Ferreira Cavalcante, assessor e homem de confiança do presidente da Câmara.
Vetada a candidatura, Caldas articulou com JHC o recuo da coligação acertada com o União Brasil (que perde tempo de rádio e TV, por exemplo) e aprovou o nome ao Senado, num claro recado a Lira. O caso de João Caldas, dizem aliados, serviria apenas como "desculpa" para o rompimento.
A reportagem ainda apurou que Lira desconfia que a família Caldas estaria disposta a largar Cunha —que aparece apenas na terceira colocação das pesquisas de intenção de votos— para concentrar esforços na candidatura de João Antônio à Câmara, mesmo ela sendo vista como difícil por especialistas devido à falta de outros nomes fortes.
A política dá muitas voltas. JHC era o preferido de Lira para concorrer ao governo, mas ele não quis renunciar ao cargo de prefeito. Então se colocou como o maior negociador para conseguir o apoio de Lira a Rodrigo Cunha, seu principal aliado desde a vitória pela Prefeitura de Maceió, em 2020.
O candidato ao Senado do grupo, Davi Davino Filho, disse à coluna, por meio de sua assessoria de comunicação, que não iria comentar o caso. Arthur Lira também não conversou com a reportagem.
A coluna procurou JHC, por meio de sua assessoria, para saber se iria continuar apoiando Cunha, mas não houve retorno. Mas a reportagem apurou que o apoio será mantido. Cunha está licenciado do Senado. Enquanto isso, a mãe de JHC, Eudócia Caldas, assumiu a cadeira pelos próximos três meses.
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