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Agosto tem 33 mil focos de queimada na Amazônia, pior mês da era Bolsonaro
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Agosto terminou com 33.116 focos de queimadas registrados na Amazônia, se tornando o mês com o maior número de incêndios florestais da gestão de Jair Bolsonaro (PL), iniciada em janeiro de 2019. Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A marca de 2022 supera inclusive a do ano de 2019, quando o bioma alcançou 30,9 mil focos, chamando a atenção de todo o planeta e gerando uma série de reações de governos e entidades internacionais.
Focos para o mês de agosto por ano:
- 2010 - 45.018
- 2011 - 8.002
- 2012 - 20.687
- 2013 - 9.444
- 2014 - 20.113
- 2015 - 20.471
- 2016 - 18.340
- 2017 - 21.244
- 2018 - 10.421
- 2019 - 30.900
- 2020 - 29.307
- 2021 - 28.060
- 2022 - 33.116
Fonte: Inpe
O pior número de queimadas até então no governo Bolsonaro havia sido em setembro de 2020, quando foram registrados 32.017 focos de calor na Amazônia.
A alta no mês de agosto está diretamente ligada à expansão do uso do fogo na última quinzena do mês, quando os focos de calor explodiram na Amazônia. O principal afetado é o estado do Pará, que tem as três cidades com piores números.
Somente nas últimas 48 horas, o município de Altamira (PA) registrou a incrível marca de 325 focos de calor. Devido aos incêndios florestais, a cidade vem sofrendo com névoa e fuligem.
Cidades com mais focos em agosto (até o dia 30):
- Altamira (PA) - 2.852
- São Félix do Xingu (PA) - 2.522
- Novo Progresso (PA) - 1.957
- Apuí (AM) - 1.874
- Lábrea (AM) - 1.565
- Porto Velho (RO) - 1.547
- Colniza (MT) - 1.284
- Itaituba (PA) - 1.132
- Novo Aripuanã (AM) - 1.092
- Feijó (AC) - 885
Com setembro, agosto é quando acontece a temporada do fogo. Nesse período, chove menos e a Amazônia fica mais seca, favorecendo os incêndios florestais.
O número recorde neste ano foi alcançado no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro falava que era mentira a fama de que país virou um destruidor da Amazônia em seu governo.
Em nota, o WWF-Brasil informou que as queimadas —e o desmatamento associado a elas— "estão fora de controle na Amazônia desde 2019, quando teve início a política de desmantelamento dos sistemas federais de proteção ambiental que marca a gestão de Jair Bolsonaro".
Ainda de acordo com a entidade, o descontrole das queimadas observado nos últimos quatro anos está estreitamente associado a um aumento do desmatamento e da degradação florestal nesse período.
"A Amazônia é uma floresta tropical úmida e, ao contrário do que ocorre em outros biomas, o fogo não faz parte de seu ciclo natural. Os incêndios não surgem de forma espontânea no bioma e sua ocorrência está sempre associada a ações humanas —em especial ao desmatamento e à degradação florestal", diz Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil.
Em todos os quatro anos que correspondem à atual gestão federal o número de focos de queimadas na Amazônia teve valores próximos ou superiores a 40 mil entre janeiro e agosto. Já nos dez anos anteriores (2009-2018), a média de focos no mesmo período foi de cerca de 28 mil focos."
WWF-Brasil
Limpeza de área
As queimadas na Amazônia fazem parte, em regra, de um processo de limpeza do terreno após um processo de desmatamento. É o fogo que destrói os restos orgânicos e deixa a área pronta para virar pasto e servir para criação de gado.
No primeiro semestre de 2020, a Amazônia já havia registrado uma alta de 17% nas queimadas.
"Estamos chegando perto da metade da estação de fogo na Amazônia e já estamos registrando mais de 3.000 focos em um só dia. Acho que podemos esperar mais queimadas, pois tem o que queimar, muito desmatamento ocorreu", diz Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo.
Os dados do Inpe revelam que, de agosto de 2021 até julho de 2022, foram derrubados 8.590,33 km² do bioma, área maior que a da Grande São Paulo. A taxa é a terceira maior do histórico recente do Deter, iniciado em 2015.
Se somadas as queimadas por dia neste ano, o número registrado até ontem está 13% maior que o mesmo período de 2021: foram 39.274 até 30 de agosto no ano passado, contra 44.419 em 2022.
Neste mês também houve um dia em que as queimadas explodiram, alcançando a pior marca em 12 anos com 3.358 focos em apenas 24 horas —superando inclusive o 'Dia do Fogo' de 2019.
Entre os dias 10 e 11 de agosto de 2019, desmatadores decidiram, de forma coordenada, atear fogo às margens da BR-163, no Pará, com foco em Novo Progresso. Naqueles dois dias, o Inpe detectou 1.457 focos de calor no estado.
Bioma sendo destruído
Por conta da destruição da Amazônia, em 40 anos o bioma ficou 1ºC mais quente e assistiu a uma redução no nível de chuvas de até 36% em algumas áreas. Os reflexos do desmatamento e do aquecimento global levam cientistas a suspeitar que a floresta deixou absorver para emitir dióxido de carbono (CO2) —principal gás causador do efeito estufa. Mais do que isso até: eles têm a certeza de que hoje ela já afeta o clima global.
Em julho deste ano, um estudo publicado na revista "Frontiers in Earth Science" apontou que a Bacia do Rio Amazonas —que desempenha um papel essencial na regulação do clima global— enfrenta um aumento das condições de seca e degradação.
Segundo os pesquisadores, 757 mil km² (ou 12,67% da bacia) tiveram terras degradadas em duas décadas. Isso, dizem os cientistas, levou a uma "tendência de queda na dinâmica da produtividade da terra seguida pela tendência combinada de queda na produtividade da terra".
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