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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Mortes no Brasil caem em 2022, e covid deixa de ocupar o topo das causas

Cemitério Parque em Manaus, lotado por mortes devido à covid-19 - Carlos Madior/UOL
Cemitério Parque em Manaus, lotado por mortes devido à covid-19 Imagem: Carlos Madior/UOL

Colunista do UOL

21/01/2023 04h00

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Em 2022, o Brasil registrou 1,47 milhão de mortes no total, uma queda de quase 20% em relação ao ano anterior — em 2021, foi 1,75 milhão, quando o país teve recorde de óbitos durante o pico da covid-19.

Graças ao avanço da vacinação, a covid-19 deixou o topo da lista de causas de óbitos e caiu para a sétima colocação. A doença foi a líder (com folga) de mortes em 2020 e 2021.

Ranking de causa de mortes em 2022:

  • Pneumonia - 201.908
  • Septicemia - 178.996
  • AVC - 112.825
  • Causas cardíacas inespecíficas - 107.994
  • Infarto - 105.693
  • Insuficiência respiratória - 86.138
  • Covid-19 - 66.114

Os dados são dos cartórios de registro civil, que levam em conta as declarações de óbito e servem de base para a produção das certidões de óbito.

Em 2022, apontam os dados, o país voltou ao patamar de mortes de 2020 (primeiro ano da pandemia)

Mortes por ano no Brasil:

  • 2022 - 1.479.002
  • 2021 - 1.757.150
  • 2020 - 1.485.170
  • 2019 - 1.290.756

Os dados estão disponíveis no portal da transparência da Arpen Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais). Os números de 2022 ainda podem ter pequenas inclusões registradas de forma atrasada por cartórios.

No ano passado, segundo os registros de óbitos, foram 66 mil mortes por covid-19, uma queda de 84% nos registros de óbito em relação a 2021.

Mortes por covid por ano:

  • 2020 - 202.209
  • 2021 - 411.028
  • 2022 - 66.114

Essa redução está diretamente ligada ao ciclo completo de vacinação que protegeu as pessoas no ano passado, segundo o epidemiologista e professor da Unifor (Universidade de Fortaleza), Antônio Lima Neto.

Ele lembra que 2022 começou com uma terceira onda causada pela variante ômicron, que fez o país bater recorde de casos.

Você teve uma quantidade enorme de casos, mas eles não se refletiram no padrão de mortalidade. Então a vacina foi fundamental não só naquele momento, mas também nas ondas de sublinhagens da ômicron em junho e julho e no final do ano."
Antônio Lima Neto, epidemiologista

Enfermeira prepara vacina contra covid-19 - REUTERS/Siphiwe Sibeko - REUTERS/Siphiwe Sibeko
Enfermeira prepara vacina contra covid-19
Imagem: REUTERS/Siphiwe Sibeko

Crescimento nas mortes por pneumonia e septicemia (infecção generalizada) pode estar ligado diretamente à covid-19, já que são problemas desencadeados por infecções como a causada pelo coronavírus.

Pneumonia:

  • 2021 - 157.778
  • 2022 - 201.908 (+27,9%)

Septicemia:

  • 2021 - 158.948
  • 2022 - 178.996 (+12,6%)

Há, sim, alguma subestimação de casos [de covid]. Os números de pneumonia e septicemia podem ter por trás uma fração de óbitos associados à covid. A infecção da ômicron foi um pouco diferente da daquele padrão, mas que facilitava uma infecção bacteriana."
Antônio Lima Neto, epidemiologista