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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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IBGE: Brasil tem o menor nº de nascimentos e o maior de mortes desde 1974

Cruzes no cemitério Parque Taruma em Manaus durante a pandemia da covid-19 em janeiro de 2021 - Bruno Kelly/Reuters
Cruzes no cemitério Parque Taruma em Manaus durante a pandemia da covid-19 em janeiro de 2021 Imagem: Bruno Kelly/Reuters

Colunista do UOL

16/02/2023 10h00

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O Brasil registrou em 2021 o menor número de nascimentos desde 1974, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) começou a computar os dados.

Foram 2,63 milhões de nascimentos no país, 1,6% a menos do que no ano anterior. Os dados fazem parte das Estatísticas do Registro Civil, divulgadas hoje.

Já o número de mortes subiu 18% em relação a 2020 e bateu novo recorde. Alavancado pela pandemia de covid-19, o Brasil teve 1,78 milhão de mortes em 2021, maior número já registrado pelo IBGE.

Por conta dessas mudanças, em 2021 foi a primeira vez em que o saldo entre nascidos e mortos ficou abaixo de 1 milhão: foram 854 mil nascimentos a mais que óbitos.

Os dados do IBGE mostram que, ao longo dos anos, o Brasil tem registrado queda de fecundidade, que é a proporção de partos por mulheres em idade fértil (15 a 49 anos).

  • 2001 - 56,4 registros a cada 1.000 mulheres;
  • 2021 - 45,6 registros a cada 1.000 mulheres;

Ao longo do tempo, o país também vem tendo um aumento na idade média das mães. Em 2001, por exemplo, 21,6% dos partos eram de mães com menos de 20 anos. Em 2021, esse percentual caiu para 13,2%.

Covid faz disparar mortes

A alta nas mortes tem relação direta a covid-19. Segundo as certidões de óbitos dos cartórios, coletado do portal da transparência da Arpen Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais), as mortes pela doença mais que dobram.

Mortes de covid-19:

  • 202.252 (2020)
  • 411.158 (2021)

Com a pandemia, em 2020 já havíamos percebido um aumento expressivo, de 15%, em relação a 2019. Mas esse aumento agora, de 18%, foi o maior já registrado entre um ano e outro. Foram 272 mil mortes a mais que em 2020.
Klívia Brayner de Oliveira, gerente da Pesquisa de Registro Civil do IBGE

A faixa etária que registrou maior alta percentual em óbitos foi a de 40 a 49 anos, que apresentou variação 35,9%, segundo os dados do IBGE. A alta foi registrada especialmente na região Sul, que chegou a 57% de crescimento entre 2020 e 2021.

Mortes 40 a 49 anos:

  • 140.392 (2020)
  • 203.332 (2021)

A única faixa etária em que houve queda no número de mortes em 2021 foi de 10 a 19 anos:

  • 19.178 (2020)
  • 18.155 (2021)

Pirâmide etária de mortes no Brasil:

Tabela_IBGE - IBGE - IBGE
Imagem: IBGE

Variações

A variação de mortes entre 2020 e 2021 não foi uniforme e variou entre as regiões, com destaque negativo para o Sul, que teve a alta mais acentuada de óbitos entre todas:

  1. Sul - 30,6%
  2. Centro-Oeste 24%
  3. Sudeste - 19,%
  4. Norte - 12,8%
  5. Nordeste - 7,1%

Entre os estados, as maiores altas de mortes entre 2020 e 2021 foram concentradas nas regiões Sul, Norte e Centro-Oeste:

  1. Paraná - 35,9%
  2. Rondônia - 34,1%
  3. Mato Grosso do Sul - 30%
  4. Santa Catarina - 28,9%
  5. Roraima - 27,5%

Das mortes registradas, 92% foram por causas naturais, e apenas 5,6% por causas externas —que incluem acidentes, suicídios e homicídios. Em 2% dos casos, a causa foi ignorada.

O aumento de óbitos femininos (20%) foi superior ao masculino (16,5%). Entre 2020 e 2021, a razão de sexos diminuiu de 128 para 124 óbitos masculinos a cada 100 femininos.
IBGE