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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Covid: 58% de vacinados acima de 40 anos deixaram de tomar doses de reforço

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

26/05/2023 04h00

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O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre a covid-19 aponta que, até maio deste ano, 58% da população a partir de 40 anos que fez ciclo inicial de vacinas não completou a imunização com a segunda dose de reforço.

Por que a situação preocupa

80,5 milhões de pessoas nessa faixa etária tomaram duas doses ou dose única (ciclo inicial), mas só 34,1 milhões receberam o segundo reforço.

O percentual de imunizados com os dois reforços está em 38,9%. O número é bem abaixo da meta estimada de no mínimo 90% do público-alvo.

No caso das duas primeiras doses ou dose única (Janssen), o percentual atingiu a meta e alcançou 91% do público 40+.

Para ter a vacinação completa, pessoas acima de 40 anos têm de tomar as duas doses ou vacina única da Janssen do ciclo inicial, seguido de duas doses de reforço. Hoje, a vacina dada no país é a bivalente, que tem maior proteção.

87 milhões dos brasileiros (40,1% do total) tinham 40 anos ou mais em 2021, quando teve início a vacinação, segundo dados do IBGE.

A preocupação com essa faixa etária é maior já que, segundo os cartórios de registro civil, 94% das mortes de covid-19 no país foram de pessoas com 40 ou mais.

Em muitos casos, existe a falsa sensação de proteção já que o número de casos e óbitos vêm diminuindo e que boa parte da população já tomou alguma dose da vacina. Entretanto, a pasta reforça a importância de manter a atualização das doses recomendadas para garantia da proteção contra a covid-19.
Nota do Ministério da Saúde à coluna

Vacinação de agentes de segurança pública de SP em abril de 2021 - Danilo Verpa/Folhapress - Danilo Verpa/Folhapress
Vacinação de agentes de segurança pública de SP em abril de 2021
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Balanço

Na faixa etária de 40 anos ou mais, 12 estados conseguiram alcançar a meta de cobertura vacinal para dose dois ou única; já para o reforço 1, apenas Piauí e São Paulo passaram de 90%.

No caso do reforço 2 —ou quarta dose, como também foi chamada— as coberturas estão baixas e longe da meta em todos os estados.

Em alguns, sequer chegou a 20% do público-alvo. Como é o caso de Amazonas (13%) e Mato Grosso do Sul (16,6%).

O estado com maior percentual atingido até aqui é o do Piauí, com 57,5% de imunizados com ciclo total.

Por que a 4ª dose

A segunda dose de reforço foi liberada para pessoas com 40 anos ou mais em junho de 2022 para reduzir as manifestações graves da infecção pelo novo coronavírus nesse público-alvo.

Segundo Flávia Bravo, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a ideia da quarta dose para pessoas acima de 40 anos é justamente chegar ao público que corre mais risco e que tem uma queda em menos tempo da imunidade.

"Quando se tem a ação de fazer reforço não é porque deu vontade, é porque se observou que os vacinados estavam voltando a adoecer", diz.

A proteção cai com o tempo, isso acontece em todas as vacinas --algumas mais devagar ou mais depressa. E quando tem uma doença altamente infecciosa e de encubação rápida, como a covid, é preciso manter níveis de anticorpos altos porque as células de memória levam tempo para resposta de proteção.
Flávia Bravo, diretora da SBIm

Enfermeira Maria Silvana Braga vacina idosos em casa em Itapipoca (CE) - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Enfermeira Maria Silvana Braga vacina idosos em casa em Itapipoca (CE)
Imagem: Arquivo pessoal

Outras idades com baixa cobertura

Ainda de acordo com o boletim, nenhuma das demais faixas etárias abaixo de 40 anos conseguiu atingir a meta de cobertura vacinal até aqui.

Movimento pela vacina

O Ministério da Saúde informou à coluna que, como estratégia de proteção, já estão liberadas as vacinas bivalentes para todos adultos acima de 18 anos, que protege contra as novas variantes da Ômicron.

Para resgatar na população brasileira a confiança nas vacinas para que o Brasil volte a ser referência mundial em altas coberturas vacinais, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação".
Ministério da Saúde

A ação, diz a pasta, é uma das prioridades do governo federal para "reconstrução do SUS, da confiança nas vacinas e da cultura de vacinação do país."

"A pasta reforça que as vacinas são seguras, eficazes e salvam vidas em todo o mundo."
Ministério da Saúde