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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Lula volta à fábrica da Fiat que teria carro 'regional', mas produz de luxo

Fábrica da Jeep, em Goiana, produz carros de luxo desde 2015 - Jeep/Diivulgação
Fábrica da Jeep, em Goiana, produz carros de luxo desde 2015 Imagem: Jeep/Diivulgação

Colunista do UOL

06/06/2023 04h00

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No dia 28 de dezembro de 2010, Lula foi a Pernambuco lançar a pedra fundamental da fábrica da Fiat que seria erguida no estado. Foi a última visita oficial que o presidente fez antes de deixar o governo em seu segundo mandato. Treze anos depois, ele volta para conhecer o local pronto, mas com uma proposta diferente da inicial.

O que aconteceu

A fábrica foi erguida na cidade de Goiana (PE), e não no Complexo Portuário de Suape, em Ipojuca (PE), como estava previsto.

Também não seguiu com a proposta de produzir carros a preços competitivos para oferecer ao mercado local.

"Carro regionalizado" não saiu do papel. Em 2010, a Fiat anunciou que a unidade em Suape iria produzir novos modelos da montadora, entre eles um carro que teria como público-alvo moradores do Norte e Nordeste.

Hoje, produz os modelos do Jeep Renegade e Compass e a picape Fiat Toro — todos modelos com valores ao consumidor final bem acima de R$ 100 mil. A nova picape Ram também deve ser fabricada lá.

A fábrica tem capacidade para produzir até mil carros por dia. Alcançou, em abril deste ano, a marca de 1 milhão de jeeps fabricados no local. O investimento total da montadora foi de R$ 3 bilhões para a planta, que foi inaugurada em 2015 com a presença da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Dilma durante inauguração da fábrica da Jeep em Goiana - Ricardo Stuckert Filho/Presidência - Ricardo Stuckert Filho/Presidência
Dilma durante inauguração da fábrica da Jeep em Goiana
Imagem: Ricardo Stuckert Filho/Presidência

Mudança durante o governo Dilma

As mudanças no projeto começaram ainda em 2011, quando a empresa decidiu trocar Suape por Goiana. O grupo alegou a escolha por "questões técnicas".

À época, foi ofertada à montadora uma área com o triplo do tamanho da de Suape. Há um polo automotivo em Goiana, que será visitado por Lula hoje às 16h.

Em janeiro de 2014, surgiram rumores de que a fábrica não seria mais da Fiat, mas, sim, da Jeep. Isso ocorreu após a aquisição total da Chrysler (e suas submarcas Dodge, Ram, SRT e Jeep) pela Fiat.

Em maio daquele ano, o UOL confirmou a mudança de rumo da planta. A Jeep montou em Goiana a sua primeira fábrica no Brasil, no local onde seria a da Fiat.

O que diz a empresa

A Stellantis (grupo automotivo que a Fiat faz parte) afirmou à coluna que apenas as plantas de Betim (MG) e Porto Real (RJ) são as responsáveis por produzir os veículos das marcas Fiat e Citroën com preço abaixo de R$ 120 mil.

Fábrica da Jeep em Ipojuca (PE) - Jeep/Divulgação - Jeep/Divulgação
Fábrica da Jeep em Goiana (PE)
Imagem: Jeep/Divulgação

Isenção a veículos

A visita de Lula ocorre em meio ao debate dos incentivos fiscais propostos pelo governo federal para produção de carros populares no Brasil.

Ontem, o ministro da fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo repaginou a proposta para priorizar ônibus e caminhões —embora a medida ainda contemple os carros.

O que disse Lula em 2010

A escolha de Pernambuco foi entendida como um ato de agradecimento ao governo Lula. O petista nasceu no estado e à época tinha no governador Eduardo Campos um aliado estratégico.

Lula foi o responsável por anunciar o investimento e agradeceu à Fiat pela escolha de Pernambuco.

A Fiat vem para cá porque ela está enxergando que o Nordeste é a região que mais se desenvolve no Brasil, que a classe pobre está ficando menos pobre, que a classe média está crescendo e que o Nordeste passa a ser um mercado em potencial extraordinário"
Lula, em Salgueiro, em 2010

No dia em que a pedra fundamental foi lançada, o então diretor-executivo mundial do Grupo Fiat, Sergio Marchionne, afirmou que a Fiat decidira investir no Brasil por conta do crescimento do mercado, especialmente no Nordeste.

Nos últimos dois anos, quando todas as indústrias do mundo enfrentaram uma crise assustadora, o aporte das operações brasileiras ao Grupo Fiat foi determinante. O projeto em Pernambuco é um passo muito importante dentro da estratégia de reforço internacional".
Sergio Marchionne, diretor-executivo mundial do Grupo Fiat em 2010

28.dez.2010 - Sergio Marchionne, da Fiat; Lula e Eduardo Campos durante lançamento de pedra fundamental da Fiat, em Ipojuca (PE)  - Ricardo Stuckert/Presidência - Ricardo Stuckert/Presidência
28.dez.2010 - Sergio Marchionne, da Fiat; Lula e Eduardo Campos durante lançamento de pedra fundamental da Fiat, em Ipojuca (PE)
Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência

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