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Lula volta à fábrica da Fiat que teria carro 'regional', mas produz de luxo
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No dia 28 de dezembro de 2010, Lula foi a Pernambuco lançar a pedra fundamental da fábrica da Fiat que seria erguida no estado. Foi a última visita oficial que o presidente fez antes de deixar o governo em seu segundo mandato. Treze anos depois, ele volta para conhecer o local pronto, mas com uma proposta diferente da inicial.
O que aconteceu
A fábrica foi erguida na cidade de Goiana (PE), e não no Complexo Portuário de Suape, em Ipojuca (PE), como estava previsto.
Também não seguiu com a proposta de produzir carros a preços competitivos para oferecer ao mercado local.
"Carro regionalizado" não saiu do papel. Em 2010, a Fiat anunciou que a unidade em Suape iria produzir novos modelos da montadora, entre eles um carro que teria como público-alvo moradores do Norte e Nordeste.
Hoje, produz os modelos do Jeep Renegade e Compass e a picape Fiat Toro — todos modelos com valores ao consumidor final bem acima de R$ 100 mil. A nova picape Ram também deve ser fabricada lá.
A fábrica tem capacidade para produzir até mil carros por dia. Alcançou, em abril deste ano, a marca de 1 milhão de jeeps fabricados no local. O investimento total da montadora foi de R$ 3 bilhões para a planta, que foi inaugurada em 2015 com a presença da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Mudança durante o governo Dilma
As mudanças no projeto começaram ainda em 2011, quando a empresa decidiu trocar Suape por Goiana. O grupo alegou a escolha por "questões técnicas".
À época, foi ofertada à montadora uma área com o triplo do tamanho da de Suape. Há um polo automotivo em Goiana, que será visitado por Lula hoje às 16h.
Em janeiro de 2014, surgiram rumores de que a fábrica não seria mais da Fiat, mas, sim, da Jeep. Isso ocorreu após a aquisição total da Chrysler (e suas submarcas Dodge, Ram, SRT e Jeep) pela Fiat.
Em maio daquele ano, o UOL confirmou a mudança de rumo da planta. A Jeep montou em Goiana a sua primeira fábrica no Brasil, no local onde seria a da Fiat.
O que diz a empresa
A Stellantis (grupo automotivo que a Fiat faz parte) afirmou à coluna que apenas as plantas de Betim (MG) e Porto Real (RJ) são as responsáveis por produzir os veículos das marcas Fiat e Citroën com preço abaixo de R$ 120 mil.
Isenção a veículos
A visita de Lula ocorre em meio ao debate dos incentivos fiscais propostos pelo governo federal para produção de carros populares no Brasil.
Ontem, o ministro da fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo repaginou a proposta para priorizar ônibus e caminhões —embora a medida ainda contemple os carros.
O que disse Lula em 2010
A escolha de Pernambuco foi entendida como um ato de agradecimento ao governo Lula. O petista nasceu no estado e à época tinha no governador Eduardo Campos um aliado estratégico.
Lula foi o responsável por anunciar o investimento e agradeceu à Fiat pela escolha de Pernambuco.
A Fiat vem para cá porque ela está enxergando que o Nordeste é a região que mais se desenvolve no Brasil, que a classe pobre está ficando menos pobre, que a classe média está crescendo e que o Nordeste passa a ser um mercado em potencial extraordinário"
Lula, em Salgueiro, em 2010
No dia em que a pedra fundamental foi lançada, o então diretor-executivo mundial do Grupo Fiat, Sergio Marchionne, afirmou que a Fiat decidira investir no Brasil por conta do crescimento do mercado, especialmente no Nordeste.
Nos últimos dois anos, quando todas as indústrias do mundo enfrentaram uma crise assustadora, o aporte das operações brasileiras ao Grupo Fiat foi determinante. O projeto em Pernambuco é um passo muito importante dentro da estratégia de reforço internacional".
Sergio Marchionne, diretor-executivo mundial do Grupo Fiat em 2010
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