Estados relatam aumento de doadores após Faustão, diz coordenadora nacional
Os órgãos estaduais de transplantes estão reportando ao Ministério da Saúde um aumento no número de notificações e de doações de órgãos nesta semana. A informação é da coordenadora do SNT (Sistema Nacional de Transplantes), Daniela Salomão.
Segundo ela, isso ocorreu após a notícia de que o apresentador Faustão precisa de um novo coração e foi inserido na lista prioritária pelo órgão.
Está sendo um momento importante no sentido de a sociedade discutir e saber o que é, para que serve e como funciona o Sistema Nacional de Transplantes.
Daniela Salomão, coordenadora do SNT
Ainda não há dados oficiais sobre o aumento, já que os números são fechados mensalmente. Mas a coordenadora afirma que, entre agosto e setembro, espera um bom resultado e um maior debate sobre o tema no país.
Temos visto muitas pessoas tirarem dúvidas, fazerem perguntas e se interessando. E os estados já têm nos informado sobre um número maior de notificações e doações.
Em setembro o Ministério vai lançar nossa campanha sobre o tema, já que é o mês do dia do doador [27]. Esperamos ter uma onda de mudança de comportamento nesse período, com aumento das autorizações para doação.
Daniela Salomão
Diminuir vetos de familiares
Doença de Faustão pode conscientizar as pessoas. A esperança de quem atua na área é que o caso do apresentador ajude o país a reduzir a alta taxa de recusa de doações pelas famílias.
Em 2022, essa taxa foi a maior dos últimos sete anos e alcançou 46% dos familiares entrevistados.
Recusas por ano (dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos):
- 2015 - 44%
- 2016 - 43%
- 2017 - 42%
- 2018 - 43%
- 2019 - 40%
- 2020 - 37%
- 2021 - 42%
- 2022 - 46%
- 2023 (1º trimestre) - 45%
Problema na legislação
É a família quem autoriza a doação de órgãos. Pela legislação brasileira, mesmo que uma pessoa se autodeclare doadora, é necessário que a família assine um termo de consentimento para a doação após o óbito.
Pedido por mudança na lei, para que a autodeclaração seja suficiente. Uma das propostas defendidas por pessoas da área é que não seja obrigatório o aval da família. Segundo Daniela, a autodeclaração "torna mais leve" o pedido de doação de órgãos aos familiares, mas não dá uma autorização à equipe médica.
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Quero receberA mudança de legislação é uma coisa muito importante, mas a discussão com a sociedade e com o Legislativo é mais importante ainda, para tomarmos qualquer tipo de decisão.
Isso é um problema da sociedade, ela tem que concordar [com a mudança]. Para isso, ela tem de se manifestar.
Daniela Salomão
A doação obedece a uma lista única nacional. Para que uma pessoa seja efetivamente doadora, é necessário que ela passe por um protocolo de confirmação de morte encefálica. Daniela explica que muitas doações não são efetivadas por outros motivos, além da negativa de famílias.
Em 2022, das 13.195 notificações de potenciais doadores, apenas 3.528 foram efetivadas.
Motivos para doações que não aconteceram em 2022:
- Recusa familiar - 3.523
- Contraindicação médica - 2.322
- Parada cardíaca - 952
- Outros - 2.847
Quando falamos em um doador em potencial, até ele se tornar efetivo, fazemos toda uma análise de risco, para saber se há doenças transmissíveis ou pré-existentes. Nem todo mundo que vai evoluir para morte encefálica terá órgãos em condições de serem utilizados para transplante.
Daniela Salomão
Na sexta-feira (25) havia 65.291 pessoas na lista de espera por um órgão, mais da metade delas por um rim (37 mil). O Sistema Nacional de Transplantes mantém um banco de dados atualizado para que as pessoas possam saber, em tempo real, quantas pessoas estão esperando uma doação, de qual órgão e o perfil dela.
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