Ceará pede na Justiça que Ciro Gomes prove 'propina em toda obra' no estado
O governo do Ceará interpelou o ex-governador Ciro Gomes (PDT) para que ele prove a afirmação que fez de que no estado "não se realiza uma obra pública sem pagar propina".
A ação é uma resposta à declaração de Ciro durante a convenção estadual do PSDB do Ceará, no último dia 30 de outubro.
Tá tudo dominado, que nem as periferias estão pelas facções criminosas. Eu vou dizer para vocês, hoje, no Ceará, que era famoso pela decência, (...) não se realiza uma obra pública sem pagar propina! Uma obra pública sequer se realiza nesse estado sem pagar propina aos donos do poder que estão aí.
Ciro Gomes, ex-governador
Ciro ainda disse que, para "quem quiser investigar, é fácil", citando vários órgãos públicos em seguida. O UOL procurou a assessoria do ex-governador, mas não obteve posicionamento sobre o caso.
Fala irritou governo
Rachado com Ciro desde a eleição do ano passado (leia mais abaixo), o governador Elmano de Freitas (PT) acionou a PGE (Procuradoria-Geral do Estado). O órgão preparou uma interpelação que será julgada pela 14ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza. O texto é assinado pelo procurador-geral do Ceará, Rafael Machado Moraes, e pelo subprocurador-geral, Iuri Chagas de Carvalho.
Na ação, os procuradores pedem que a Justiça dê um prazo de três dias para Ciro se manifestar sobre o tema. A PGE quer que o ex-governador preste esclarecimentos sobre "as acusações graves que proferiu contra o estado do Ceará."
"[Ele deve] indicar, expressamente, com base em que provas e fatos sustenta suas alegações contrárias a todo um conjunto de agentes, servidores e colaboradores que se dedicam, no serviço público estadual, a conduzir os processos licitatórios e os contratos tão necessários ao bem do povo cearense.
Interpelação da PGE a Ciro Gomes
Caso Ciro não aponte fatos e provas, o estado quer que ele "exerça o devido juízo de retratação, no mesmo prazo. "Para os procuradores, a postagem "afeta e atinge, temerariamente, a imagem-atributo do Ceará perante a sociedade."
Na avaliação da PGE, além de macular a honra do estado, o "discurso imprudente em questão atinge, danosamente, a imagem dos gestores e agentes públicos que prestam serviços nos órgãos e entidades estaduais."
A forma como posta, ademais, acompanhadas das expressões "todas" e "tudo", atinge a imagem de todos os servidores e colaboradores, porquanto a imputação volitiva feita a órgãos e Secretarias decorrem, na prática, de atos e manifestações praticados por agentes públicos. A acusação e generalização cometidas pelo interpelado são gravíssimas, portanto.
Interpelação a Ciro G
O rompimento
PT e PDT romperam no ano passado uma aliança de 16 anos no poder revezado entre as siglas. O racha ocorreu na família Gomes: Ciro e o senador se desentenderam por conta da escolha do nome do PDT para concorrer ao governo do estado em outubro.
Cid queria emplacar o nome da governadora Izolda Cela (então no PDT) na sucessão de Camilo Santana (PT) — já Ciro tomou a frente e articulou para ser Roberto Cláudio o nome escolhido pelo PDT.
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Quero receberIzolda era o nome de consenso dos partidos aliados ao PDT, entre eles o PT, em acordo também com Cid Gomes. Entretanto, em busca de um palanque mais fiel à sua candidatura à Presidência, Ciro interveio, levando ao rompimento de uma aliança entres os grupos.
Em resposta à escolha, o PT lançou o nome de Elmano de Freitas para o governo, com apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A derrota de Cláudio acabou caindo no colo de Ciro, por essa articulação.
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