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Com candidato derrotado e rachado com irmãos, Ciro perde sozinho no Ceará
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A derrocada de Ciro Gomes (PDT) na eleição presidencial deste domingo fechou o último capítulo de uma campanha marcada por um isolamento inédito —e forçado por ele— no estado que despontou politicamente. O candidato que o presidenciável bancou a ponto de brigar com os irmãos, Roberto Cláudio (PDT), teve apenas 14,1% dos votos válidos, com um percentual bem aquém do esperado.
Em uma arrancada final, Ciro ainda viu o candidato do PT, Elmano de Freitas, vencer a eleição para o governo após o rompimento do PT com o PDT por conta da imposição da candidatura de Cláudio.
Em toda a campanha no Ceará, Ciro esteve sozinho apoiando Cláudio. Seus irmãos, inclusive, deixaram claro discordar dessa escolha. Em entrevista na semana passada, ele demonstrou mágoa com os familiares e ex-aliados que o teriam abandonado no Ceará. "Meteram a faca nas minhas costas", afirmou.
Ivo (prefeito de Sobral) e Cid (senador) não fizeram campanha para Cláudio e apoiaram de forma tímida o irmão na campanha presidencial. Foram às ruas animados para pedir voto a um petista: o ex-governador Camilo Santana, eleito hoje senador no estado e nova liderança política no estado.
Ciro esteve em sua terra, Sobral, na sexta-feira, e chamou atenção a ausência de seu irmão Ivo, que é prefeito da cidade. Lá, amargou um isolamento ao fazer campanha com Roberto Cláudio.
Em entrevista no sábado, em Fortaleza para seu último ato público, Ciro descartou seguir os irmãos e apoiar Elmano de Freitas (PT) no segundo turno da eleição no Ceará contra o Capitão Wagner (União Brasil). "Apoiar o PT só em outra encarnação", disse.
Após votar em Fortaleza, ele anunciou que pensava em parar na política após essa eleição. "Eu quero ajudar a juventude a pensar coisas sem a suspeição de uma candidatura", disse ele após ser questionado sobre seu futuro político."
Entretanto, após a derrota deste domingo, Ciro afirmou em rápido pronunciamento que queria umas horas para conversar o seu partido para anunciar uma posição oficial para o segundo turno. "Nunca vi uma situação tão complexa."
Derrota de Ciro
A derrotada do PDT na eleição estadual não pode ser atribuída à família, e o futuro do agora ex-presidenciável é incerto —e de provável ostracismo nos próximos anos. "Com certeza essa é uma derrota do Ciro. O Roberto Cláudio foi uma imposição do Ciro, ele utilizou a estrutura do partido", diz a cientista política e socióloga Monalisa Torres, da UECE (Universidade Estadual do Ceará).
Cid avisou, antes mesmo da eleição, que iria apoiar Elmano se houvesse segundo turno e que queria ser o "cupido" para congregar novamente PDT e PT no estado —as duas siglas racharam justamente para que Ciro impusesse o seu candidato e tivesse um palanque fiel.
O tiro saiu pela culatra e a governadora Izolda Cela, que era defendida pelos irmãos de Ciro como nome de consenso do grupo, deixou o PDT após a escolha de Cláudio e anunciou apoio a Elmano ainda no primeiro turno.
Nos bastidores, ela deixou claro que entendeu que esse processo foi um jogo de cartas marcadas comandado por Ciro Gomes para forçar uma ruptura com o PT no estado. Por conta disso, ela também anunciou desfiliação do PDT.
O clima chegou a esquentar na campanha entre ela e Roberto Cláudio, após o pedetista acusá-la de enviar recursos a prefeituras para "comprar apoios" para Elmano de Freitas.
Grupo em queda
Monalisa Torres aponta que a família Ferreira Gomes está passando por um processo declínio no estado. "Ainda que o Cid mantenha algum tipo de influência em lideranças aqui no estado, a gente vem tendo como hipótese desde 2020 esse enfraquecimento", explica.
No caso, ela cita que isso ficou claro na eleição apertada de Fortaleza, em que Sarto (PDT) venceu o Capitão Wagner no segundo turno com 51% dos votos válidos.
"É normal um grupo, quando fica muito tempo no poder, não atender a algumas demandas e ir cansando", diz.
Nesse cenário, ela afirma que quem surge como nova força política no estado é Camilo Santana. "Ele mostrou poder de atrair aliados, construir um grupo em torno dele. Acho que a gente está vendo a construção de um novo polo, e as lideranças irão se reorganizar para ocupar espaços de poder", pontua.
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