Carlos Madeiro

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Reportagem

Novos sítios revelam arte de nômades que viveram há 10 mil anos em PE

Cinco novos sítios arqueológicos foram descobertos em 2023, na região do Sertão do Moxotó, em Pernambuco. A área é conhecida pela riqueza de artes rupestres.

Gravadas em rochas, as pinturas foram feitas por populações pré-históricas que habitavam a caatinga e viviam como nômades, em busca de rios e riachos.

Entre os desenhos encontrados estão animais pintados, uma marca desse tipo de arte.

As gravuras mostram um mundo simbólico dessas populações.
Mônica Nogueira, arqueóloga do Iphan em Pernambuco

Sítio arqueológico Pedra Letrada, em Manari (PE)
Sítio arqueológico Pedra Letrada, em Manari (PE) Imagem: Allan Silva

Os achados foram visitados e cadastrados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), responsável por catalogar os sítios arqueológicos no país.

Cidade entra na rota

Quatro dos sítios estão localizados no município de Manari (PE), onde não havia nenhum registro até o ano passado. O último dos sítios foi encontrado em novembro. Um quinto sítio foi achado na vizinha Ibimirim.

Segundo a arqueóloga Mônica Nogueira, a descoberta tem importância não só por revelar novas pinturas, feitas em períodos de ocupação pré-colonial, mas por estarem vizinhas a Buíque (PE). O local é porta de entrada do Vale do Catimbau e abriga o sítio arqueológico Alcobaça, que possui a maior rocha pintada brasileira.

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O vale, que hoje é resguardado pelo Parque Nacional do Catimbau, é um dos mais importantes conjuntos de sítios arqueológicos do país. Ele é um dos caminhos de dispersão dos povos da Serra da Capivara (PI) —local apontado como berço do homem americano.

De acordo com a arqueóloga, a região onde estão os sítios achados em 2023 também deve ter registros de povos em sua dispersão do Piauí até o vale do rio São Francisco.

Estamos falando de populações antigas que circulavam por essa área. São povos ancestrais dos indígenas que aqui estavam na invasão portuguesa e que ocupavam esse território, há pelo menos 20 mil anos.
Mônica Nogueira

Sítio arqueológico Pasta, em Manari (PE)
Sítio arqueológico Pasta, em Manari (PE) Imagem: Carlos Silva/Iphan

Em Manari não havia sido encontrado, até o ano passado, nenhum sítio arqueológico. "A gente sabe agora que existe um grande potencial arqueológico na área", conta a arqueóloga.

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Em novembro passado, o Iphan realizou uma ação de educação arqueológica para proteger o patrimônio descoberto.

Para entender melhor o significado das representações das pinturas, diz, serão necessários estudos mais detalhados —o que leva alguns anos.

De uma forma geral, sabemos que são populações caçadoras-coletoras, que viviam em grupos pequenos e eram nômades. Elas se dispersavam pelo território em busca de recursos para sobrevivência.
Mônica Nogueira

Um detalhe importante é que, há séculos atrás, a região da Caatinga era mais úmida e, por isso, rios que hoje são intermitentes deveriam ter fluxo permanente.

As pinturas ajudam a provar isso. Um exemplo é o sítio da Pasta, em Manari, que fica ao lado de um riacho por onde a água corre apenas durante o inverno.

Todos esses sítios de pintura e gravuras rupestres são próximos a rios ou riachos, que naquela época tinham água o tempo todo. Como nômades, eles saíam em busca do curso dos rios.
Mônica Nogueira

Reportagem

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