Indígenas de recente contato tratam doenças em estrutura precária sob chuva
Cerca de 40 indígenas da etnia korubo estão tratando doenças, em especial a pneumonia, em uma estrutura precária dentro de uma balsa alagada quando chove, na Terra Indígena Vale do Javari (AM), onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram mortos em junho de 2022.
Os vídeos foram feitos por equipes de saúde e enviados à Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). As imagens foram feitas perto da balsa Korubo, atracada no rio Ituí.
No vídeo, um profissional de saúde afirma: "Quando chove forte, não há lugar para acomodações de pacientes, não tem nenhuma condição de abrigo para enfermagem."
Aqui a gente tem no mínimo 40 pessoas, metade delas tratando pneumonia. Não tem lugar que não esteja alagado.
Integrante da equipe de saúde
O UOL contatou às 15h de ontem a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), do Ministério da Saúde, para saber se serão tomadas providências para melhorar a assistência, mas não houve retorno até o momento.
Nada avançou no governo, diz procurador
Os indígenas korubo são uma etnia que tem uma parte que já fez contato com não indígenas, e outra que ainda vive isolada na floresta Amazônica.
O procurador jurídico da Univaja, Eliesio Marubo, critica a ausência do governo federal, em referência ao período do fim da gestão de Jair Bolsonaro (PL) e agora da gestão Lula (PT).
Desde junho de 2022 [mortes de Dom e Bruno], nada avançou em nenhuma política pública em relação ao Vale do Javari. Há muita conversa do governo, muita justificativa, e nada avança!
Eliesio Marubo, procurador jurídico da Univaja
Segundo o procurador jurídico, as políticas na área da saúde estão cada vez mais precárias. A balsa que aparece nos vídeos, por exemplo, foi doada pela Univaja, e não é do governo federal.
Esses vídeos refletem exatamente isso: a ausência do poder público. Priorizam-se certas regiões em detrimento de outras, mas há várias em que o governo precisava trabalhar com urgência.
Eliesio Marubo
Tribo quase isolada
O primeiro contato dos korubos com não indígenas ocorreu no final de 1996, quando a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) adotou medidas na região para protegê-los de ataques de invasores, que já haviam provocado mortes de membros da etnia isolada.
Em 2014, uma família korubo fez um segundo contato com não indígenas e foi levada para uma base da Funai.
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Quero receberEm 2019, a Funai fez uma expedição para proteger os indígenas isolados korubos do rio Coari e do povo matis, que viviam em tensão por ataque de invasores a suas terras. Alguns dos indígenas chegaram a ser dados como desaparecidos, mas foram encontrados pelas equipes.
A expedição foi comandada por Bruno Pereira, que à época era coordenador de Índios Isolados e de Recente Contato. Quinze dias após a operação Korubo, ele foi demitido do cargo —a ação destruiu 60 balsas e irritou garimpeiros.
Os korubos são conhecidos por outros indígenas da região como "caceteiros", por fabricarem e utilizarem diferentes tipos de borduna (arma indígena feita de madeira com forma cilíndrica e longa).
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